Como de há muito temos vindo a divulgar (veja-se, por exemplo, na coluna da direita do blogue), desde hoje até sexta-feira está a decorrer o «I Congresso Internacional Arte e Género ?». Hoje as sessões tiveram lugar na Fundação Calouste Gulbenkian e os temas tratados podem ser vistos aqui. Estivemos lá.
É um congresso de académicos/as, o que não significa, a nosso ver, que não seja útil a outros profissionais, nomeadamente aos que estão em atividade nas «organizações das artes» e, em especial, das que integram as Administrações Públicas. E a partir daqui uma das reflexões que nos ocorreu ao longo das diversas intervenções - mas no fundo é clássica - prende-se, precisamente, com a articulação entre a academia e o designado mundo laboral. Como usufruir e colocar no dia-a-dia o que a universidade vai reflectindo e teorizando? Muito do que lá acontece ainda fica «entre muros». Por outro lado, as necessidades e prioridades sentidas no terreno demoram a chegar aos investigadores. Dito isto, e «a quente», e não se querendo fazer nenhuma ata, por exemplo, na conferência inaugural, Nancy G. Heller fez sinteses, fixou perguntas e encaminhou respostas, que não é muito frequente presenciar naquela forma «tão tranquila». De memória: «o feminismo é ainda relevante?»; «como é que o género afecta a arte feita por mulheres?». Faz perguntas, terá dúvidas, e não é peremptória nas respostas. Mas tem a sua. E é cristalina quando avança que a maneira como o feminismo afecta as nossas vidas depende da condição económica, do sitio onde vivemos, da educação que tivemos, de ... Não escamoteia os problemas que o feminismo enfrenta.
Correndo o risco de não estarmos a fazer justiça às demais intervenções - mas não as vamos esquecer e certamente que mais tarde ou mais cedo darão posts no Em Cada Rosto Igualdade - lembremos a de Ana Maria Delgado - «Os filmes "Scopitone" e a questão de género na canção francesa dos anos 1960». Do resumo, este excerto: «(...) Partindo muito embora de uma concepção de videoclip baseada num aproveitamento sexista da imagem da mulher, acaba por questionar o entendimento unilateral dos papeis tradicionalmente atribuidos ao masculino/feminino, reinvindica-se igualdade para a mulher, afirma-se a feminilidade como papel de poder, faz-se humor com novos costumes e com as diferenças de género. (...)». E, a propósito:
«Comic Strip» - Serge Gainsbourg e a BB»
Não sabemos se no Congresso o ponto de interrogação associado ao titulo vai ter resposta explicita. Mas se os próximos dias forem semelhantes ao de hoje estamos em crer que cada participante ficará mais apetrechado/a a encontrar a sua resposta, ou, no minimo, a contribuir para alguma.
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