Antes, aqui, já nos tínhamos referido ao livro, de Cecília Honório, Mulheres Contra a Ditadura, mas voltemos a ele, por duas razões. Uma, vai haver lançamento, com a participação da autora, hoje, dia 15 de outubro, às 18:30, no Centro de Cultura
e Intervenção Feminista (CCIF/UMAR em Lisboa - Rua da Cozinha Económica, Bloco D, Espaços M e N.
Outra, a entrevista que Cecília Honório deu a Nuno Ramos de Almeida, para o jornal i a propósito do livro. Um excerto:
«(...)
Mas essa é uma espécie de dupla ruptura com o fascismo: é simultaneamente
um instrumento de mobilização dos jovens e uma negação da moral do regime que
dividia, como com muros, homens e mulheres...
A ideia é inovadora, faz isso mesmo. É preciso ver que o MUD Juvenil tem esse
aspecto de contracultura que é muito importante. As declamações de poesia
alternativa, as músicas de Fernando Lopes Graça, os encontros tinham um aspecto
de contracultura importante que teve essa forte componente moral e de género.
Repara que, embora elas sejam uma minoria, havia uma orientação de haver, pelo
menos, uma mulher por estrutura de direcção do movimento, e algumas delas
tiveram um papel muito importante.
As mulheres tinham um maior papel na luta, mas a urgência da luta contra o
regime não colocava em banho-maria as reivindicações próprias das mulheres?
Eu não ponho em causa as interpretações de perfil feminista que têm sido
feitas. Há vários estudos, aqui e no estrangeiro, que apontam que no pós-guerra
houve um certo recuo das agendas feministas, e aqui por maioria de razão, devido
à ditadura. O movimento unitário é feito com um objectivo muito identificado: o
derrube do regime e a instauração da democracia. E é esse objectivo que cria
essa unidade tão forte. Pode haver um recuo na agenda feminista, mas não se pode
desvalorizar o que é feito. É preciso ler a propaganda: se, por um lado, há um
apelo a condições de vida que permitam casamentos felizes e filhos fortes, por
outro há também apelos ao fim das discriminações no trabalho e no salário das
mulheres trabalhadoras, e sobretudo um forte esforço direccionado para que as
jovens participem no movimento e na luta».
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