segunda-feira, 6 de outubro de 2014

MAFALDA FEZ 50 ANOS | Aquela chata de perguntas inconvenientes



«A Mafalda não gosta de sopa mas ouve os Beatles, brinca com os amigos aos cowboys e preocupa-se com a guerra no Vietname. Criada pelo argentino Quino, a personagem de banda desenhada é uma menina de 5 anos (acompanhamos as suas aventuras ao entrar para a escola primária), da classe média, pequena mas muito inteligente. A primeira história da Mafaldinha foi publicada a 29 de setembro de 1964 no semanário Primera Plana». + no DN.
E na Pastoral da Cultura:
«(...)
Meio século e centenas de vinhetas não mudaram Mafalda. A menina morena e espevitada de Buenos Aires continua a provocar com as suas frases ingénuas e, ao mesmo tempo, embaraçantes. Porque a pequena ainda não aprendeu as regras da convivência e do politicamente - ou socialmente - correto. O mundo adulto é para ela um mistério a explorar. E para o fazer interroga, com a desmesurada liberdade dos seus seis anos, pais, professores, vizinhos. As perguntas são tão concretas que parecem absurdas. Ou talvez absurda seja a hipocrisia atrás da qual os "grandes" escondem as suas contradições. Em 2014 como em 1964.
Era o dia 29 de setembro quando na revista "Primera Plana" apareceu pela primeira vez a sua cabeleira rebelde. A desenhá-la estava a mão de Joaquín Salvador Lavado Tejón, "Quino" como nome artístico. «Sim, Mafalda é mesmo uma chata», ri o autor que, aos 82 anos, é um dos mais célebres desenhadores latinoamericanos vivos. Também - e em boa parte - graças àquela «chata».
O primeiro livro de Mafalda, publicado na Argentina em 1966, esgotou em quinze dias. Em meio século, as suas tiras - publicadas em 50 países e traduzidas em 20 línguas - venderam 50 milhões de cópias.
O dado mais surpreendente é que continuam a vender. Mafalda não envelheceu. É impressionante como as suas «perguntas inconvenientes» parecem escritas precisamente para realçar os contrassensos da nossa sociedade.
«Nunca imaginei que pudesse permanecer tão atual. Quando parei de a desenhar, em 1973, não pensava que Mafalda pudesse continuar a ter um tal sucesso. Surpreende-me o afeto que as pessoas nutrem ainda em relação a ela. As crianças, sobretudo... O que, por um lado, me alegra. Por outro, no entanto, entristece-me. Quer dizer que o mundo, as suas injustiças, as desigualdades, os conflitos - problemas, em suma, que Mafalda denunciava há meio século - permaneceram imutáveis. Na verdade, se alguma coisa mudou, foi para pior... Mas eu sou um pessimista.»
E no entanto, ao lê-la, não se diria. Mafalda tem um toque poético mesmo quando diz e mostra o que não queremos ver... Precisamente pelo seu conteúdo social, muitos consideram-na uma banda desenhada para adultos. Está de acordo?
«Sim. Como, de resto, também o Snoopy e a Pantera Cor de Rosa não são bandas desenhadas para crianças. Limitei-me a meter na boca de uma menina de seis anos conceitos simples e, por isso, subversivos.». Continue a ler.
Uma vez mais, a força da arte !  

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