quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O PODER DA CULTURA E DA ARTE | «Negócios Estrangeiros»



A ideia de trazer  «Negócios Estrangeiros» dos DaWeasel / José Peixoto para o Em Cada Rosto Igualdade surgiu quando vimos este post. Uma vez mais, o poder da cultura e da arte. Em paralelo,  um bom momento para registarmos a descrição de CULTURA tirada de um artigo - «A Cultura não é um luxo» - de José Tolentino Mendonça na Revista do Expresso  de 4 de outubro: 

«A cultura permite-nos entrar em nós próprios. É uma janela e igualmente um espelho. Um dos perigos contemporâneos é a transformação da cultura em indústria de entretenimento, recheada de produtos de consumo rápido e sonâmbulo, capturada pelo simplismo dos modelos. Porém, a cultura digna desse nome é aquela que dialoga com as grandes necessidades da vida e nos abre incessantemente à profundidade e à complexidade do real». 

Pode ler-se  mais  na Pastoral da Cultura.
E agora, então,  a letra  da canção do video:  

Negócios Estrangeiros
Já foi ao Intendente, Sr Presidente?
Compreendo que tenha pouco tempo,
Cada movimento precisa de um documento,
Isso é algo que eu consigo compreender
Mas, precisa de ver, Sr. Presidente, os seus próprios
olhos, têm um olhar diferente de toda a gente.
Deixe em casa os óculos de ver ao longe, a realidade
não foge,
A realidade está sentada e espera toda a noite por
nada,
ou encosta-se a uma parede,
Talvez com fome, talvez com sede.
Fumo um cigarro no infinito,
Descubro na escuridão 1 grito, dentro de si próprio.
A realidade chegou à 6 meses da Nigéria, do Senegal ou
da Costa do Marfim.
A realidade não tem fim.
Com uma nota de 20 euros chego onde quiser,
A realidade é uma mulher.

Já foi ao Intendente, Sr. Presidente?
Não vá em visita de Estado, deixe o carro blindado na
garagem,
Dê folga aos guarda-costas,
Finja que vai de viagem e apanhe o metro,
Saia no Martim Moniz e caminhe,
Faz bem caminhar, apanhar ar, respirar.
Passear no Intendente é um passeio original,
È um passeio diferente sem sair de Portugal.
Vá para fora cá dentro, vá aos subúrbios do Mundo no
centro da cidade
Igualdade, integração social, seja por 10 minutos um
emigrante ilegal, como se chegasse do Brasil, do
Paquistão.
Vá ao Intendente e invente uma solução que satisfaça
aos que já chegaram e chegarão.
Mesmo que não tenha vontade de ir, vá ao Intendente,
Sr Presidente.
Aprenda, para chegar é sempre preciso partir.

Já foi ao Intendente, Sr presidente?
Não leve a sua comitiva, não leve o telejornal
Leve-se a si próprio e avance natural,
Como se não fosse ignorado
Vá num dia normal ou num feriado, mas vá.
Por lá sua presença é urgente, no intendente.
Tem pouca diferença de uma Assembleia das Nações
Unidas.
A sua presença pode ajudar a salvar vidas vindas da
Ucrânia, da Roménia, Moldávia, Moçambique, Cabo Verde
e Angola.
Porque o Mundo, Sr. Presidente, não é mais do que uma
bola, talvez colorida, talvez entre as mãos de uma
criança.
Mas esse mesmo Mundo, Sr. Presidente, perde cor todos
os dias.
Quando eu largo, nesse largo, que eu largo, quando eu
largo, no Intendente.


José Luís Peixoto

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