quinta-feira, 26 de julho de 2012

EM HOMENAGEM AOS QUE NOS DEIXAM

CANÇÃO PÓSTUMA

Fiz uma canção para dar-te;
porém tu já estavas morrendo.
A Morte é um poderoso vento.
E é um suspiro tão tímido, a Arte...

É um suspiro tímido e breve
como o da respiração diária.
Choro de pomba. E a Morte é uma águia
cujo grito ninguém descreve.

Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados
para os meus lábios inexatos,
— atento a um canto mais profundo.

E estou como alguém que chegasse
ao centro do mar, comparando
aquele universo de pranto
com a lágrima da sua face.

E agora fecho grandes portas
sobre a canção que chegou tarde.
E sofro sem saber de que Arte
se ocupam as pessoas mortas.

Por isso é tão desesperada
a pequena, humana cantiga.
Talvez dure mais do que a vida.
Mas à Morte não diz mais nada.

Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'

segunda-feira, 23 de julho de 2012

CONHECER O PLANO PARA A IGUALDADE - GÉNERO, CIDADANIA E NÃO DISCRIMINAÇÃO, 2011-2013 (1)


Facilmente se encontra quem não conheça o Plano Nacional para a Igualdade - Género, Cidadania e não Discriminação (Aqui no Blogue, na coluna à Direita, logo no início, basta clicar para chegar ao diploma que o fixa - a Resolução do Conselho de Ministros n .º 5/2011 de 18 de Janeiro).  Por outro lado, achamos que  no Em Cada Rosto Igualdade podemos contribuir para a sua divulgação, e nisto nos vamos empenhar de forma regular. Comecemos por esta passagem do Preâmbulo:


E sem a colaboarção da Susana Neves na feitura das imagens este post não seria tão claro, mas é o que acontece quando um blogue é cada vez mais de todos aqui da DGARTES.

DLAMINI-ZUMA



A notícia no jornal Expresso, de sábado passado, num trabalho de Cristina Peres, tem como  titulo Uma mulher para liderar 54 paises, com o destaque -  Nkosozana Dlamini-Zuma é a primeira mulhar eleita para liderar a UA: um passo significativo para a igualdade de géneros. E noutra  passagem está escrito: A vitória da atual ministra do Interior da África do Sul tornou-se simbolo da luta pela igualdade dos géneros no continente. A eleição não foi fácil, só se verificou ao fim de quatro votações. Mas saiba mais sobre DLAMINI-ZUMA, por exemplo aqui.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

BOXE FEMININO PELA PRIMEIRA VEZ NOS JOGOS OLÍMPICOS, REPRESENTAÇÃO FEMININA PORTUGUESA A MAIOR DE SEMPRE


Mary Kom é capa da Inteligent Life. E porquê? Pela primeira vez o boxe feminino é modalidade nos jogos olimpicos e KOM uma das favoritas para medalhas. É isso, as profissões não têm sexo. Saiba mais E lembrei-me do premiadíssimo «Million Dollar Baby»: 


Já agora, a mascote dos jogos olimpicos de Londres de 2012 que vão ter lugar entre 27 de Julho e 12 de Agosto:



Quanto à missão portuguesa aos Jogos Olímpicos Londres2012, a composição definitiva, com 75 atletas, será a quinta mais numerosa em 23 participações de Portugal, e a que terá o maior contingente feminino. São 33 portuguesas que vão competir por Portugal o que corresponde a 44 por cento do total de atletas presentes. Repita-se: a  maior representação feminina de sempre. As mulheres e respetivas modalidades que Portugal envia aos Jogos de Londres: SaraMoreira, Vera Barbosa, Clarisse Cruz, Ana Cabecinha, Vera Santos, Inês Henriques, Jessica Augusto, Marisa Barros, Dulce Félix, Eleonor Tavares, Patrícia Mamona, Irina Rodrigues e Vânia Silva (atletismo); Telma Santos (Badmínton); Teresa Portela, Beatriz Gomes, Joana Vasconcelos e Helena Rodrigues (Canoagem); Luciana Diniz (Equestre); Zoi Lima e Ana Rente (Ginástica); Joana Ramos, Telma Monteiro e Yahima Ramirez (Judo); Sara Oliveira e Ana Rodrigues (Natação); Lei Mendes (Ténis de Mesa); Joana Castelão (Tiro); Sara Carmo, Carolina Souza-Mendelblatt, Rita Gonçalves, Diana Neves e Mariana Lobato (Vela). E  Telma Monteiro vai ser porta-estandarte de Portugal. O seu treinador  disse estar "orgulhoso" pela designação da judoca.



quinta-feira, 19 de julho de 2012

e-CADERNOS CES/CONVITE


Convite à submissão de artigos para os e-cadernos ces
"A manipulação xenófoba dos direitos das mulheres"
«(...)
Convida-se à apresentação de artigos sobre a culturalização e a instrumentalização dos direitos das mulheres na esfera pública de vários países, bem como artigos que abordem a tão debatida tensão entre os direitos civis e os direitos políticos, por um lado, e os direitos culturais e religiosos, por outro. Aceitam-se também artigos que interroguem a dimensão institucional das seguintes questões: são bem-vindas tanto críticas das instituições existentes, como propostas construtivas de reforma. Embora o nosso foco seja a Europa contemporânea, também se aceitam contributos sobre outras épocas e regiões em que se verifiquem processos de instrumentalização das mulheres e dos seus direitos com objetivos racistas e xenófobos.
 Aceitamos uma pluralidade de posições teóricas e metodológicas e encorajamos propostas da sociologia e política social, das políticas públicas, da história, teologia, filosofia política, dos estudos culturais, bem como artigos de ativistas e juristas. Através de um diálogo interdisciplinar entre as diferentes perspetivas esperamos contribuir para um aprofundamento dos debates em curso
».
SAIBA MAIS.

terça-feira, 17 de julho de 2012

«QUEM DEIXOU IRIA SÓZINHA NA ALDEIA ?»

Cheguei  a QUEM DEIXOU IRIA SÓZINHA NA ALDEIA ?, de Paulo Moura, publicado num dos Blogues do Público, através deste post. E em boa hora, é um trabalho que arrepia. E começado queremos mesmo chegar ao fim, e saber quem deixou a Iria sózinha. E como conheço aquela região onde vivi até aos treze anos, a coisa ainda teve outro peso: os montes, os rebanhos, o frio, a solidão, a pobreza, a neve,  os muitos pobres, e ... a situação particular das mulheres,  são memórias de realidades observadas, lá longe, mas que este trabalho trouxe para o presente. A não perder: leia a vida de outras mulheres, de um País que muitos desconhecem, num trabalho que mais parece um conto, a pedir um filme. Quem sabe!  

segunda-feira, 16 de julho de 2012

MULHERES NA CULTURA - MARIA KEIL

Autorretrato, 1941, óleo sobre tela, 53 x 45 cm - Maria Keil

Maria Keil faleceu recentemente, no mês passado. Ao mesmo tempo que  queremos colocá-la nas «nossas» mulheres na cultura, e dar-lhe visibilidade junto das leitoras e  dos leitores do Em Cada Rosto Igualdade, a intenção é, naturalmente, prestarmos-lhe agora a nossa pequena  homenagem, serenamente.  
E comecemos com uma passagem de uma entrevista de João Paulo Cotrim (que pode ler na integra neste endereço):Na sua infinita modéstia, nada lhe obedece à vontade. As "coisas", como o mundo, foram ter com ela, que se limitou a acolhê-las. Pediam-lhe uma ilustração, ela fazia. O marido precisava de resolver as paredes, ela pintava azulejos. Queria exprimir uma ideia, desenhava um móvel. E as "coisas" são a realidade, que persegue ainda na sua longa carreira nas artes gráficas, na ilustração, no azulejo, na pintura. Um olhar que é, como a artista, de simplicidade e elegância desconcertantes. E de uma extraordinária agudeza. E continuemos ainda com essa entrevista: Nasceu em Silves (9 de Agosto de 1914), mas veio para Lisboa muito cedo. Esta é, portanto, a sua cidade? Agora já é, mas tenho uma certa pena de não ser Silves, de não estar lá. Cheguei aqui com 15 anos, e aqui casei [em 1933] com aquele lindo moço que era o Chico [o arquitecto Francisco Keil do Amaral], um rapaz bonito e culto. Foi uma sorte ter entrado naquela classe de gente. A minha família não tinha mais cultura do que um vulgar burguês de província.


E duma outra entrevista ao Expresso que começa assim: Lembro-me dos cheiros da minha infância. Figos, alfarroba, orégão. Recordo-me das gulodices, das estrelas de figo, do queijo de maio, que era a melhor coisa do Mundo. É um queijo de figo que se faz durante o inverno e come-se no 1.º de maio. Não havia eletricidade. E de onde se retirou também: «(...) Estive presa em Caxias, porque isto era tudo exagerado. Fomos 50 pessoas ao aeroporto esperar D. Maria Lamas, que vinha de um congresso da Paz. Parece que era um crime terrível. Assim que o avião parou, as pessoas que estavam à espera dela foram para a cadeia. Não havia motivo nenhum. Era só exagero e, se calhar, medo. Fomos para dentro de uma carrinha e levaram-nos para Caxias. Ficamos lá um mês. Foi uma boa experiência. Éramos 12 mulheres fechadas numa cela. Fartámo-nos de trabalhar. Algumas mandaram vir os livros e os cadernos, com os quais estudavam e ensinavam umas às outras. Eu pedi trabalhos que tinha em mãos em casa. Aquilo não foi doloroso, o que não quer dizer que as coisas sejam assim. Porque havia lá outros presos, nomeadamente mulheres, que comunicavam com pancadinhas. Algumas de nós que já tinham estado presas, conheciam aqueles sinais e traduziam. Havia lá mulheres completamente isoladas, mas sabíamos muito bem o que lhes faziam. É uma coisa horrível. Aquela gente não merecia o mais pequeno respeito. Aquilo marcou-me, porque entrei no sítio e vi as coisas como elas eram.
Não tive uma atividade política ativa. Fazíamos o que era possível, sem nos envolvermos em células ou coisas similares, porque não éramos capazes de ter esse grau de envolvimento. Dávamos o apoio possível. Não tínhamos condições, nem conhecimentos, nem técnicas de luta que eram necessárias. Nesse sentido sabíamos que só poderíamos fazer mal se fossemos para coisas muito ativas.
(...)
Há coisas que passaram por mim, das quais já não me lembro. Mas há sempre memórias que ficam, como o 25 de abril. O meu marido estava muito mal. Morreu no ano seguinte. Morávamos junto à Casa da Moeda. Eu só via o que se avistava da janela, que por acaso era um sítio de passagem.Era uma coisa linda. Era fantástico. Tive tanta pena de não poder ir para a rua. Nesse dia, fui comprar um cravo. Coloquei-o numa jarra junto ao meu marido. No final do dia estavam lá mais de 70 cravos. Tanta gente que lá passou. As pessoas mais incríveis. Ele dizia para o José Gomes Ferreira: "Eu vi, eu ainda vi".


E continuemos a recordar Maria Keil com o livro que ela distinguiu, de sua autoria (ilustradora)  e de Aquilino Ribeiro, na entrevista referida que deu a João Paulo Cotrim, com a seguinte sinopse: Conjunto de lengalengas e toadas infantis em prosa rimada, de características muito rurais, destinadas à neta Mariana. A memória do narrador oferece imagens marcantes como o despertar da Natureza numa manhã de sol, a confecção do pão, os ovos da galinha pedrês, o canto do rouxinol, a beleza do prado na Primavera, a raposa, o burro a caminho do mercado, os bezerros que pastam no lameiro, o arraial popular, a joaninha, a liberdade que se respira no campo, o apanhar grilos, o ir aos ninhos e enriquece-as com rimas infantis que conhece. A partir da comparação da vida com um rio, fala-nos da chuva, da neve, da caça, do trabalho do pastor e recorda fábulas, a Nau Catrineta e outras histórias da sua infância. Saiba mais. E lá pode ver esta maravilha, mais legível:
E dando seguimento a esta pequena homenagem a mais uma das nossas Mulheres na Cultura, nada melhor do que referir a exposição que se fez sobre a sua obra de ilustradora na Biblioteca Nacional que está assim descrita:
Maria Keil, ilustradora
9 de Setembro a 20 de Novembro de 2004 - Entrada livre.                                              
 A Biblioteca Nacional consagra uma mostra à faceta de ilustradora de Maria Keil, numa exposição que se desenvolve em dois espaços distintos:Na galeria do 1.º andar estão expostas ilustrações para obras como Começa uma vida, de Irene Lisboa; Páscoa feliz, a novela de estreia de José Rodrigues Miguéis; Folhas caídas, de Almeida Garrett, na edição prefaciada por José Gomes Ferreira; e Metade comédia metade drama, de Francisco Keil do Amaral, entre muitas outras. Da sua obra gráfica podemos ainda ver os cabeçalhos que desenhou para algumas das secções da Seara Nova. Na Sala de Referência, a exposição patenteia ilustrações na esfera da literatura infanto-juvenil, área em que é reconhecido o carácter inovador de Maria Keil. Expõem-se algumas das ilustrações para livros como O palhaço verde e Segredos e brinquedos, ambos de Matilde Rosa Araújo; Histórias da minha rua, de Maria Cecília Correia; A Primavera é o tempo a crescer, O Outono é o tempo a envelhecer, O Verão é o tempo grande e O Inverno é o tempo já velho, todos de Maria Isabel César Anjo; e A banhoca da baleia, de Alexandre Honrado. Podem ainda apreciar-se alguns estudos executados para as ilustrações de O livro de Marianinha, de Aquilino Ribeiro, cujos originais publicados desapareceram.
No âmbito da exposição é editado um roteiro, que inclui reproduções de desenhos da autora.
E, abençoada web, há uma memória da exposição que pode ser visitada aqui, e aí apreciar, por exemplo, grafismos como este:
E terminemos com o que Centro Nacional de Cultura, assinado por Guilherme de Oliveira Martins, escreveu aquando da sua morte:  «Maria Keil, que nos deixou esta semana, é uma referência fundamental na arte portuguesa do século XX. Foi ela que deu ao azulejo moderno o lugar na cidade que antes não tinha. O painel da Avenida Infante Santo “O Mar” ou as decorações no Metropolitano de Lisboa são exemplos fundamentais – em que a sobriedade, o talento e a inteligência se aliam com grande beleza. Não podemos falar do azulejo português no século XX sem referir Maria Keil. Além disso, foi uma das nossas melhores ilustradoras, merecendo uma especial alusão a colaboração que manteve com Matilde Rosa Araújo. Um elevado sentido poético e uma humanidade genuína ligam-se a um equilíbrio estético incomparável. O Centro Nacional de Cultura recorda o exemplo de Maria Keil e a sua entrega à vida e à criação artística».

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O IMPACTO DA CRISE NA VIDA DAS MULHERES


Muito em cima da hora (mas ainda vai a tempo se estiver interessada ou interessado) na iniciativa seguinte, e que uma vez mais contou com o alerta da Mónica Guerreiro,  que vai ter lugar no próximo domingo:
«A 8 de Março de 2012, foi lançado para recolha de subscrições pela Marcha Mundial de Mulheres - Portugal e pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta (Portugal), e também integrada na Campanha Europeia da Marcha Mundial das Mulheres sobre os impactos da crise na vida das mulheres, o protesto feminista anti-austeritário. O protesto contou com centenas de subscrições individuais e colectivas, de vários países. Procurando potenciar estas duas iniciativas pretende-se lançar uma campanha europeia que mobilize movimentos sociais - feministas e outros - com vista à construção de uma resposta feminista anti-austeritária.
Nesse âmbito, a Marcha Mundial das Mulheres - Portugal e a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) convidam-te a participar num encontro que se realizará a 15 de Julho e que terá por principal objectivo o de preparar a implementação da campanha em Portugal». Mas saiba mais quanto a Programa e aspetos práticos.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

«AS MULHERES EM ROMA»


Através da colega do ex-IGESPAR Filomena Barata chegámos ao projeto da imagem de que faz parte um trabalho seu,  As Mulheres em Roma, e com gosto  o  mencionamos aqui no Em Cada Rosto Igualdade. E foi depois de lermos o artigo que a curiosidade aumentou, e numa incursão pela web encontrámos o livro   A Vida Quotidiana da Mulher na Roma Antiga:


com a seguinte sinopse:Gladiadoras, comerciantes, chefes de empresa, parteiras, prostitutas, feiticeiras ou camponesas… estes eram apenas alguns dos ofícios exercidos pelas mulheres na Roma antiga. Apesar de os romanos só serem capazes de imaginar as suas mulheres no interior da casa, presas ao trabalho doméstico, elas ocupavam-se frequentemente de muitas outras coisas. A realidade ultrapassa, por vezes, não só a ficção, como a própria ideologia.
Contudo as mulheres romanas mantiveram-se oficialmente excluídas da vida política, e jamais adquiriram direito à expressão pública das suas ideias: mesmo quando sabiam escrever não eram autorizadas a publicar, e as suas obras são-nos ainda hoje, muitas vezes, desconhecidas. É pois através dos textos escritos pelos homens que é possível descobrir o que foi a vida das romanas.
As autoras deste livro levaram a cabo um verdadeiro inquérito para descobrir a realidade dessas mulheres. Pois que, ainda que alguns nomes brilhantes, trágicos ou sinistros, subsistam na memória colectiva - Agripina, Octávia, Lívia, Messalina - a maioria delas deixou apenas indícios dispersos, peças de um puzzle que a obra procura reconstituir
.
E, claro, esperamos por novos contributos da colega Filomena Barata, porque quem faz aquele estudo tem certamente muito mais para partilhar. Por isso, até breve!

terça-feira, 10 de julho de 2012

«AS PROFISSÕES NÃO TÊM SEXO»


Com frequência é a colega Mónica Guerreiro que nos chama a atenção para as iniciativas da UMAR - e vai haver um dia, estou em crer, pelo menos é o nosso desejo,  que vai ser desse modo, cada trabalhador da DGARTES fica  com uma fonte de informação considerada base -,  e aqui temos mais uma que nos atrevemos a dizer «a não perder» - as profissões não têm sexo.
O evento é da responsabilidade da UMAR e da CITE, vai ter lugar no próximo dia 12 de Julho,  e para saber o Programa e mais informações aqui.

domingo, 8 de julho de 2012

«NORA» DE IBSEN NO FESTIVAL DE ALMADA

 



E agora a NORA (ou a Casa de bonecas) de Henrik Ibsen - para mim, como penso para muitos mais, em todo o mundo, uma das peças de culto. Está no Festival de Almada, a decorrer. Debate a condição da mulher. Do programa: «Nora (ou Casa de bonecas), de Henrik Ibsen, traça o despertar de Nora Helmer da sua nunca antes questionada vida de conforto doméstico e conjugal. Tendo sido sempre subjugada tanto pelo seu pai como pelo seu marido, Torvald, Nora questiona-se enfim sobre o fundamento de tudo aquilo em que acredita quando o seu casamento é posto à prova. Muito mais do que um mero estudo histórico da sociedade do século XIX, a peça constitui, numa perspectiva actual, uma análise alarmante sobre as relações entre homens e mulheres, questionando se a condição da mulher realmente mudou desde 1879. Trata-se de um conto impressionante sobre a condescendência moralista e a hipocrisia social, e de uma subtil crítica ao consumismo e às potenciais armadilhas que poderão existir na vida das famílias da classe média na Europa de 2012». Ainda pode ser visto hoje, domingo, e amanha, segunda feira, no Teatro Maria Matos, às 21:30H.  É uma encenação coletiva do tg STAN que foi fundado em 1989.  Saiba mais.



NORA EPHRON


Em qualquer momento poderiamos recordar Nora Ephron que morreu no dia 26 de Junho passado, mas façamo-lo já. O mundo do espetáculo lamentou a perda. Por exemplo, Tom Hanks  que por várias vezes trabalhou com a argumentista, escreveu que "ela nos levantou a todos com uma sabedoria e uma sagacidade misturada com um amor por nós e pela vida". "Nora Ephron foi uma jornalista/artista que sabia o que era importante saber: como as coisas realmente funcionavam, o que valia apena, quem era fascinante e porquê". E ainda da comunicação social: Ephron apenas contou à família e aos amigos mais chegados o seu problema de saúde mas numa entrevista à Reuters em 2010 a argumentista e realizadora encorajou todos os amigos a gozarem a vida enquanto ainda têm tempo de o fazer. “Devíamos comer coisas deliciosas enquanto ainda as podemos comer, ir a lugares maravilhosos enquanto ainda podemos lá ir... E não devíamos ter noites em que dizemos para nós próprios - ‘O que é que eu estou aqui a fazer? Porque é que eu estou aqui? Estou aborrecida!’”. (+) Era mais conhecida pelas comédias românticas, contudo, pela nossa parte, talvez a primeira vez que nos chamaram a atenção para este nome foi no seu papel de argumentista com SILKWOOD (pule o anúncio): 


A sinopse: «Em 13 de Novembro de 1974, Karen Silkwood (Meryl Streep), empregada de uma fábrica de componentes nucleares em Oklahoma (EUA), viaja para Nova Iorque para dar uma entrevista a uma jornalista. No entanto, nunca chega ao seu destino...
Baseado em factos reais, o premiado realizador Mike Nichols narra a história de Karen Silkwood, os seus dramas pessoais, filhos, amores e a trajectória de simples funcionária a representante do sindicato local.
Na sua luta pela saúde e por melhores condições de trabalho para os funcionários da fábrica, Karen descobriu mais do que os poderosos prop rietários gostariam que ela soubesse, pondo em risco a sua própria segurança». (+)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

ENVELHECIMENTO ATIVO, CULTURA E ARTES

Logotipo do  2012 Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações



Com este post queremos fazer várias coisas: dar mais informação sobre o estudo «GÉNERO E ENVELHECIMENTO Planear o Futuro COMEÇA AGORA!»que foi apresentado na última terça feira como dissemos em posts anteriores; lembrar que estamos no Ano Europeu do Envelhecimento e da Solidarieadade entre Gerações; e chamar a atenção para a cultura e as artes em tudo isto. Então, com a organização possível, o que conseguimos sistematizar aqui fica. O ESTUDO - para começar, na coluna à direita está assinalado como pode ver, e através de lá vai ter-se ao site da CIG onde está disponível o índice do estudo, e por aí fica-se com um bom conhecimento do que abrange: Demografia e estruturas familiares: alguns dados de contexto; Saúde; Habitação; Educação e formação; Trabalho e emprego; Proteção social; Recursos materiais; Segurança; Participação social. E depois tem casos particulares, de Lisboa e Sintra. Tem ainda disponível a  apresentação que, do nosso ponto de vista, dá uma ideia muito completa e clara do que está em causa. Mas para ficarmos a saber mais podemos recorrer para já ao que a comunicação social divulgou. Aqui por exemplo, com o titulo Mulheres vivem mais anos mas homens vivem saudáveis mais tempo, de onde se extraiu: «(...)“As mulheres têm uma esperança de vida maior, mas isso não quer dizer que esse tempo seja vivido de forma saudável”, sublinhou Pedro Perista, um dos responsáveis pelo estudo “Género e Envelhecimento”, apresentado hoje durante o seminário promovido pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) na Assembleia da República. Comparando com a média europeia, parece que ser mulher em Portugal é mais penalizador, já que a diferença entre sexos "na Europa" é mais discreta: depois dos 65, as mulheres têm 8,8 anos de vida saudável e os homens 8,7. “Os anos a mais das mulheres são de solidão, pobreza e incapacidade”, lembrou a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, durante a apresentação do estudo, sublinhando que as portuguesas “são mais pobres e incorrem em maior risco de pobreza”, quando comparadas com os homens. Hoje, os responsáveis pelo estudo “Género e Envelhecimento" traçaram o perfil da mulher em Portugal: tem menos escolaridade, recebe pensões mais baixas, vive mais sozinha e sofre mais com os efeitos da idade. Em comparação com os homens, as mulheres ganham em média menos 200 euros de reforma e, muitas vezes, esta diferença prende-se com os anos de descontos e não com o trabalho efetivo, sublinhou o investigador do Centro de Estudos para a Intervenção Social.(...)». Sobre O ANO do envelhecimento ativo, desde logo, o site, onde se pode ler: Preocupa-o envelhecer? Ou o seu papel na sociedade quando tiver 60, 70 ou 80 anos?Há muito para viver depois dos 60, e a sociedade está a valorizar cada vez mais a contribuição das pessoas idosas.  É isso que significa envelhecimento activo: tirar mais e não menos partido da vida à medida que se envelhece, tanto no trabalho como em casa ou na comunidade. E isso não só afecta cada pessoa individualmente, mas também a sociedade no seu conjunto.
 Quanto à Cultura e as Artes nesta questão do  Envelhecimento Ativo, pensamos que tem de ter um espaço próprio, e por duas ordens de grandeza: pela especificidade que o envelhecimento tem nos profissionais do setor, e porque a cultura e as artes tem, podem e devem ter, um papel determinante na qualidade de vida das pessoas à medida que vão envelhecendo. Assim sendo, faz todo o sentido que a cultura e as artes sejam estudadas em todos estes processos. E aproveita-se para se lembrar o projeto  Casa do Artista que levou a que muitas destas temáticas tivessem sido refletidas à media que ia sendo gizado e concretizado. A tudo isto havemos de voltar.  

terça-feira, 3 de julho de 2012

«A EXCELÊNCIA NO FEMININO»




Hoje estivemos no seminário sobre  Género e Envelhecimento,  a que nos referimos no post anterior,  e sobre o qual faremoss  texto próprio depois de arrumarmos as ideias e encontrarmos informação para  referenciarmos. Mas, desde já, foi muito útil, pelo que contemplou e pelo que nos leva a refletir sobre o que não se abordou. Realizou-se num dos edifícios da Assembleia da República. Entretanto, juntemo-nos à festa e celebremos também aqui o que precisamente a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, enunciou como «a excelência no feminino». Estamos a referirmo-nos a Ana Dulce Félix, a Patrícia Mamona e a Sara Moreira. Vejamos a notícia: Presidente da Assembleia da República felicita Dulce Félix, Patrícia Mamona e Sara Moreira - Assunção Esteves felicitou esta terça-feira as atletas portuguesas medalhadas nos Europeus de atletismo de Helsínquia. «Dulce Félix, Patrícia Mamona e Sara Moreira foram, nos campeonatos europeus de atletismo, a excelência no feminino», pode ler-se na mensagem de felicitações da segunda figura do Estado. «A esperança e a alegria devolvem-nos agora para os Jogos Olímpicos de Londres. Parabéns pelo que fizeram, boa sorte para o muito por fazer!», acrescentou Assunção Esteves.De recordar que Dulce Félix foi medalha de ouro nos 10.000 metros, Patrícia Mamona medalha de prata no triplo salto e Sara Moreira medalha de bronze nos 5.000 metros. (+). E a mensagem lá no site do Parlamento.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

GÉNERO E ENVELHECIMENTO


O post anterior é sobre envelhecimento, e, coincidências, acabado de fazer, deparamo-nos com este seminário sobre Género e Envelhecimento. E não se podia esperar para o divulgarmos porque é já amanhã, terça feira. Aqui está o convite:
A Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de
Género, Fátima Duarte, tem a honra de convidar V. Exa.
para assistir ao Seminário Final do Projeto
Género e envelhecimento: planear o futuro começa agora!
a ter lugar no dia 3 de julho pelas 9:30h,

no Auditório do Edifício Novo da Assembleia da República.
A entrada é gratuita sujeita a inscrição para

domingo, 1 de julho de 2012

T-SHIRT UNISEXO E MUITO MAIS

Numa das últimas Newsletters que recebo com regularidade do British Museum não deixei de achar «graça» à T-SHIRT unisexo da imagem. Melhor, à Professor Munakata unisex t-shirt. E, claro, também nos veio à lembrança quando começou a onda do unisexo, onde também haveria um desejo de igualdade de género. Mas isso fica para os estudiosos. E link puxa link e cheguei à Shared Experience do museu - um Programa para pessoas mais idosas: «A new programme for older adults. The British Museum works closely with a number of local resource centres to make the Museum more accessible to older members of the local community, who sometimes need a helping hand to make their way around the Museum’s collection». (+). E pensei como deve ser agradável para pessoas mais velhas, com limitações, participarem naquelas iniciativas que começam assim: «Afternoons at the Museum - The monthly sessions are informal drop-in sessions for over 55s which begin with a warm cup of tea and a friendly chat. The participants have an opportunity to handle objects related to the collection; these help trigger conversation and provide a chance for participants to share memories and stories with one another. They also work as a valuable resource for those that are visually impaired and therefore have additional access requirements».Eventualmente, até haverá iniciativas semelhantes no nosso país. Caso conheça alguma diga-nos, nós divulgamos. A Igualdade está para lá do género.
E talvez venha a propósito falar aqui de um magnifico (a nosso ver) filme, aliás, referenciado pelo colega Marcelo - The Best Exotic Marigold Hotel - que é sobre pessoas «maduras», já na reforma. O trailer:
Não perca, seja qual for a situação: no ativo ou na reforma. E, entre magnificas  e magnificos, tem a divina Judi Dench. De facto, acho esta atriz fabulosa, parecendo ficar cada vez melhor à medida que os anos passam.