«O gato de
uma criança morreu. Ela já percebeu isso, mas ninguém lho disse claramente.
"O pai diz que ele anda nos telhados e fazer amizade com outros gatos, a
miar à Lua e a piscar o olho às estrelas e que uma noite ele volta." A mãe
há-de dizer-lhe que acha que "o viu no quintal a trepar à árvore para
espreitar os ninhos e assustar os pássaros" e "que um dia ele
volta", a vizinha suspeita de que ele terá ido "para o circo ou para
a selva" e "talvez volte um dia". Só os avós, mesmo com
eufemismos ("se calhar foi para o céu, que ele agora tem asas como um anjo
ou um pássaro e que deve estar muito feliz") é que não escondem que o gato
"não deve voltar".
A criança
concluirá que "ele não volta mais", mas impede-se de falar no assunto
porque percebe que os adultos não querem que ela saiba o que lhe aconteceu. Por
isso, é recorrente a fórmula "o meu gato desapareceu".
Um livro em que Ana Saldanha
trata a perda de uma forma sensível e inteligente. Yara Kono transmite tristeza
nalgumas ilustrações, mas alterna-as com outras mais felizes e coloridas, como
a que retrata as sete vidas de um gato.
Não é um
livro triste, é um livro sereno e verdadeiro. "Gato Procura-se"
ajudará as famílias a falar de um tema de que andam sempre a fugir, mas a que
não se pode escapar». Rita Pimenta - aqui.
O «Gato procura-se» ganhou o Prémio Bissaya Barreto.Uma notícia:
Jornal As Beiras | 2016.03.04 |
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