terça-feira, 12 de abril de 2016

Anarchicks | «We Claim The Right»






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Apesar de toda a sua história de luta contra a discriminação, a desigualdade e o poder instalado, o punk sempre foi um meio onde o machismo garantia um lugar reservado tanto em cima do palco como à sua frente. Mesmo mulheres como Siouxsie Sioux, Chrissie Hynde ou Lydia Lunch, todas elas nascidas no e do punk, eram vistas por muitos como símbolos sexuais em primeiro lugar e como artistas em segundo. O sexismo só começou a ser fortemente abalado nos anos 90, com o surgimento do movimento riot grrrl, casa para bandas como Bikini Kill ou Sleater-Kinney, que se atiraram à rispidez e à economia dos três acordes, bem como à ideologia do-it-yourself, e os aliaram a uma dose gigante de consciência feminista de modo a combater o sexismo que grassava nesses tempos. É aí que se inspiram as Anarchicks, quarteto que tem a particularidade de ser composto por quatro mulheres.
Mas, lá está, isto não é ou não deveria ser particularidade alguma digna de registo. Por oposição a serem uma «banda feminina», as Anarchicks insistem que façamos todos a correção devida à sintaxe e nos passemos a referir a elas como «a banda», simplesmente «a banda». E, convenhamos, a primeira expressão é redutora; há na sua música uma forte influência riot grrrl, naturalmente, mas Helena Andrade, baixista do grupo, é perentória: «sou suspeita, mas gosto muito da música que faço. E se fosse feita por gajos ia gostar na mesma!». Assinale-se a coerência: não é «rock no feminino», é só «rock». E nós gostamos.

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UMA QUESTÃO DE GÉNERO
Tal problema só se resolverá, naturalmente, quando cada vez mais mulheres se chegarem à frente e decidirem combater o estado de coisas. E as Anarchicks decidiram fazê-lo no final do verão de 2011. Começaram por ser apenas duas Helena e a ex-vocalista, Priscila Devesa, passaram a trio com a entrada da baterista Catarina Henriques e, finalmente, tornaram-se numa «relação a quatro» quando a estas se juntou a guitarrista Ana Moreira, tendo entretanto encontrado nova voz pela garganta de Marta Lefay. (...).





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