Resumo
Em Julho de 1979, Maria de Lourdes Pintasilgo foi
indigitada pelo Presidente da República para liderar o V Governo Constitucional,
conhecido como “o Governo dos 100 dias”. Lourdes Pintasilgo tornou‑se a primeira
primeira‑ministra em Portugal (e até agora única) e a segunda na Europa, após a
eleição de Margaret Thatcher no Reino Unido, apenas dois meses antes. Duas
décadas mais tarde, no início do século XXI, Manuela Ferreira Leite é convidada
pelo primeiro‑ministro, José Manuel Durão Barroso, para abraçar a pasta das
Finanças (2002). Pela primeira vez na história política nacional, uma mulher
alcançou essa posição, o mesmo sucedendo, em 2008, quando Ferreira Leite foi
eleita presidente do PSD e, no ano seguinte, disputou, por este partido, as
eleições legislativas contra o candidato incumbente, José Sócrates. Estes dois
casos são recortados da história política do pós‑25 de Abril, quando se
consagrou normativamente a igualdade entre homens e mulheres e a
não‑discriminação em função do sexo. A presente obra contribui para o universo
de estudos centrados na análise da mediação jornalística da política a partir de
uma perspetiva de género. Quebrando a secular invisibilidade feminina no espaço
público, Lourdes Pintasilgo e Ferreira Leite, ao desempenharem cargos políticos
de topo, adquiriram elevada notoriedade pública. As representações jornalísticas
que suscitaram carregam marcas de género? O poder exercido no feminino trouxe a
debate a evidência de que a política é um campo masculino? Estas circunstâncias
terão contribuído para a valorização simbólica da participação política
feminina?
.
. .
«A obra, que resulta da
tese de doutoramento da autora, propõe um novo olhar sobre a política e o
jornalismo da perspetiva do “género”. Este é um campo de investigação pouco
explorado, dado o escasso número de mulheres que até à data chegaram ao topo da
liderança política em
Portugal. Mas trata-se de uma pesquisa fundamental: o mundo
político é inseparável do espaço de mediação jornalística, para onde confluem os
poderes e onde se constrói (e destrói) a visibilidade pública.
De uma outra perspetiva,
questiona-se se o género dos atores políticos influencia a narrativa
jornalística, de certo modo ativando certos estereótipos sexuais. A política tem
género sob o olhar dos e das jornalistas? Por exemplo, as mulheres políticas são
mais escrutinadas por atributos como a aparência física ou a idade ou mais
associadas à esfera privada e familiar? (...)». Saiba mais.
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