Do que se escreveu após a sua morte na sexta-feira: «Para uma certa geração que acompanha(va) com atenção a política portuguesa, Margarida Marante foi uma figura mediaticamente saliente. Talvez haja sido das pessoas a quem vi construir algumas das melhores entrevistas políticas feitas na televisão portuguesa. Notava-se que as preparava com imenso cuidado e a prova do seu sucesso era a regular inquietude que provocava nos seus interlocutores, que tratava com uma displicência que chegava a raiar a provocação. Admirou-me sempre o risco assumido pelas televisões ao colocarem uma jornalista tão jovem nesses exercícios de grande responsabilidade. Dos quais, diga-se, nunca a vi sair mal, embora não raramente eu próprio me irritasse imenso, porque ela deixava bem claro que sempre esteve longe daquilo que eu próprio pensava». in «duas ou três coisas».
E no «delito de opinião» - os deuse vendem quando dão: «Cruzei-me fugazmente com Margarida Marante quando ambos dávamos os primeiros passos no jornalismo, há mais de 30 anos, e guardarei sempre a imagem dessa jovem que conheci mal saída da adolescência e que nenhuma capa dessas revistas que vendem papel arrastando na lama a reputação alheia conseguiu ofuscar. A fama bateu-lhe à porta sem demora: mal completara vinte anos, já moderava debates de primeiro plano e entrevistava todos os protagonistas políticos do País na RTP, então a única televisão em Portugal. Época irrepetível, em que toda a gente via o mesmo canal à mesma hora: o estrelato televisivo tinha uma dimensão sem par nestes dias tão dispersos da Internet, das redes sociais e da TV por cabo.
Margarida Marante era determinada, ousada, ansiosa e também insegura, como bem lembra Francisco Seixas da Costa: tinha os defeitos inerentes às suas qualidades. E, como geralmente acontece com as mulheres muito bonitas, sentia-se na necessidade permanente de provar a si própria e aos outros que tinha muito mais para dar enquanto jornalista do que um rosto atraente.
Tudo lhe aconteceu demasiado cedo. E não tardou a descobrir também que a televisão - incluindo neste contexto muito amplo as publicações que gravitam em torno da caixa que mudou o mundo - é uma máquina trituradora, espécie de deusa que exige permanente tributo a quantos vai concedendo a graça do seu brilho. Como escreveu Pessoa, os deuses vendem quando dão.
Pagou um preço elevado pela súbita glória televisiva, em regra tanto mais ilusória quanto mais ofuscante. Demasiado cedo chegou, demasiado cedo partiu. Seremos cada vez menos os que se recordarão dela eternamente jovem, naquela época em que suscitava amores e ódios, dividindo irremediavelmente opiniões naquele Portugal pós-revolucionário. Tempo fugaz, como é e será sempre o tempo. Não adianta aprisioná-lo num ecrã de televisão: nestes casos ele voa ainda mais rápido e ainda para mais longe».
E do jornal Público: «Era licenciada em Direito pela Universidade Católica e tinha três filhos de um primeiro casamento, com o empresário Henrique Granadeiro. Fonte próxima da família disse ao PÚBLICO que Margarida Marante morreu em casa, em Lisboa.
Um estilo marcante
Luís Marinho, actual director-geral da RTP, trabalhou e manteve uma "relação profisisonal muito próxima" com Margarida Marante durante três anos na SIC, na década de 1990. "Fui editor de alguns dos programas que a jornalista protagonizou neste canal", descreve Marinho ao PÚBLICO, acrescentando que recordará para sempre uma "excelente jornalista e uma mulher corajosa", alguém que se preparava "minuciosamente e até com alguma ansiedade" para as muitas entrevistas que conduziu em televisão.
Margarida Marante começou a carreira jornalística aos 20 anos, no semanário Tempo, tendo passado por jornais, rádios e revistas, tendo dirigido a Elle.
Na década de 70 trabalhou na RTP, conduzindo grandes entrevistas políticas. Em 1992, quando foi fundada a SIC, mudou para esta estação de televisão, onde apresentou programas como "Sete à Sexta", "Contra Corrente", "Cross Fire" e "Esta Semana". Neste período, já divorciada de Granadeiro, casou com Emídio Rangel. Em Outubro de 2001 abandonou a SIC (...)».
Um estilo marcante
Luís Marinho, actual director-geral da RTP, trabalhou e manteve uma "relação profisisonal muito próxima" com Margarida Marante durante três anos na SIC, na década de 1990. "Fui editor de alguns dos programas que a jornalista protagonizou neste canal", descreve Marinho ao PÚBLICO, acrescentando que recordará para sempre uma "excelente jornalista e uma mulher corajosa", alguém que se preparava "minuciosamente e até com alguma ansiedade" para as muitas entrevistas que conduziu em televisão.
Margarida Marante começou a carreira jornalística aos 20 anos, no semanário Tempo, tendo passado por jornais, rádios e revistas, tendo dirigido a Elle.
Na década de 70 trabalhou na RTP, conduzindo grandes entrevistas políticas. Em 1992, quando foi fundada a SIC, mudou para esta estação de televisão, onde apresentou programas como "Sete à Sexta", "Contra Corrente", "Cross Fire" e "Esta Semana". Neste período, já divorciada de Granadeiro, casou com Emídio Rangel. Em Outubro de 2001 abandonou a SIC (...)».
E esta a nossa pequena homenagem a Margarida Marante, uma mulher que não se ocultou.
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