terça-feira, 30 de janeiro de 2018

HELENA MATOS | «Indignações selectivas»



Leia aqui

O artigo termina assim:
«(...)
Hoje a violência doméstica, ou mais precisamente uma parte dela, ganhou o estatuto de flagelo, chaga social e causa urgentíssima. Foi apadrinhada pelos activistas do costume. Ou seja tornou-se no assunto que os protagonistas habituais sinalizaram como instrumental na sua luta por mais poder. E assim, armados de zelos inquisitoriais, vasculham agora acordãos em busca de frases comprometedoras, pedem medidas excepcionais e formação para os agentes da justiça, traduzindo-se no caso “a formação” por sessões de agitação e propaganda. Ou, para usar a terminologia da secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Rosa Lopes Monteiro, vai-se “avançar numa “missão civilizacional” para mudar “culturas demasiado interiorizadas”.
Portanto, estamos conversados: as idosas continuarão a ser agredidas em assaltos que só interessam aos histéricos securitários. Já na violência entre casais sobretudo se forem heterossexuais ou há condenações rápidas ou os juízes arriscam-se a tornar-se no alvo da próxima fúria mediático-política. Por fim mas não por último, sendo o desempenho da Justiça nos casos de violência doméstica analisado pela Equipa de Análise Retrospetiva de Homicídio em Violência Doméstica certamente que existem equipas de análise retrospectiva para os homicídios acontecidos noutros contextos. Seria importante conhecerem-se quer essas equipas quer as conclusões a que têm chegado».

Sem comentários:

Enviar um comentário