segunda-feira, 25 de julho de 2016

«O terceiro género - Muxes de Juchitán, México»





Chegámos ao post seguinte, de Pedro Cardoso, por acaso. Conhecido, não podíamos deixar de o trazer para o Em Cada Rosto Igualdade:

«O terceiro género - Muxes de Juchitán, México

Não são mulheres nem  homens. Não são heterossexuais, bissexuais, nem gays. Rompem identidades a preto e branco e assumem-se em tonalidade maquilhada. São os muxes de Juchitán. Sexualidade cruzada no México tropical.
 Em Juchitán, o corpo não é prisão. Na pequena cidade do estado mexicano de Oaxaca, a ancestralidade zapoteca dita outras regras. Uma bússola diferente em que os pontos cardinais se fundem em macho e fêmea, homem e mulher, masculino e feminino, pénis e vagina. Orientações sobrepostas.
É nesta rotação de ponteiro sem necessidade de norte magnético, que giram os muxes. São o terceiro género de Juchitán. Caminham lado a lado com “os outros” - homens e mulheres - que os aceitam como são: machos biológicos que assumem uma sexualidade aparentemente ambígua. Não trazem rótulos bipolarizados estampados na testa, são “outra coisa” e não são menos por isso. “A mulher está aqui, o homem está ali, e o muxe está in between. Não tenho razões para querer ser mulher (…) Sinto-me bem no meio, esse é o meu espaço. Posso entrar onde as mulheres não podem e onde os homens não podem.”  Testemunho de Felina,  muxe de Juchitán, à jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho, no livro Viva México».. Continue a ler.

E o livro referido de Alexandra Lucas Coelho:



«Não sei nada do México e tenho uma mochila.Este Octavio Paz ou aquele Juan Rulfo? Os dois. Poetas mexicanos contemporâneos ou Roberto Bolãno? Poetas mexicanos contemporâneos.Uma poeta do mesmo ano que eu: Amanhã é nunca. [...] Ninguém poderá alguma vez dizer que viu a Cidade do México. Quando a começamos ver, calamo-nos, e depois nunca mais acabamos de a ver. Às seis da tarde parece Inverno. Mas não é Inverno, é a estação das chuvas. O Verão começou ontem. O chão brilha.Os aztecas celebravam a chuva como um deus. Também receberam Cortés como um deus, abrindo os braços ao apocalipse, e por cima do apocalipse o império espanhol ergueu esta cidade. Cinco séculos depois é a mais extensa do mundo. Os mexicanos nem a tratam como cidade. Chamam-lhe D.F. ou simplesmente México.Tanta gente junta mete medo. […] Na saída, três barraquinhas de “táxis autorizados” competem pelo preço fixo: o equivalente a dez euros até ao centro. E os residentes mais cautelosos não aconselham a trocar pesos no aeroporto desde que um francês foi seguido e assassinado depois do câmbio. Vinha dar aulas à universidade. A Cidade do México é isto: a partir de agora somos bichos em alerta». +.

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