quarta-feira, 22 de maio de 2013

MONIKA HAUSER | ASMA JAHANGIR


Monika Hauser

Asma Jahangir


Ontem, «O prémio Norte/Sul do Conselho da Europa foi atribuído a duas mulheres que deixaram um testemunho vincado na Assembleia da República, onde receberam os galardões. As premiadas deste ano são a ginecologista e directora da associação de apoio às mulheres "Medica Mondiale" Monika Hauser e Asma Jahangir, advogada do Supremo Tribunal do Paquistão» como se pode ler aqui.
Sobre as premiadas do discurso do Presidente da República: «(...) Monika Hauser tem um percurso extraordinário dedicado ao apoio às mulheres e aos direitos das mulheres. Médica ginecologista, esteve em teatros de conflito e de crise em diversos pontos do globo, prestando auxílio a vítimas de guerra e de vários tipos de violência e abusos, incluindo sexuais. Na Bósnia Herzegovina, Kosovo, República Democrática do Congo, Libéria e Afeganistão, partilhou as experiências e desenvolveu projetos de apoio físico e psicológico. Enquanto diretora da associação “Medica Mondiale”, liderou o reforço da capacidade de autoajuda e do direito ao desenvolvimento pessoal das mulheres.
Há mais de 20 anos que a “Medica Mondiale” se dedica a apoiar mulheres e crianças cuja integridade física, psicológica, social ou política foi violada. O esforço e a credibilidade da instituição têm-lhe granjeado o reconhecimento e o apoio de diversas entidades.

A vida de Asma Jahangir é, também ela, um notável exemplo de empenho na promoção dos direitos humanos. Advogada do Supremo Tribunal do Paquistão, dedicou 40 anos da sua vida a defender, em particular, os direitos das mulheres, das crianças e das minorias religiosas. A sua atividade, no Paquistão e também a nível internacional, tem-se destacado no persistente combate à discriminação.
A nomeação de Asma Jahangir para os cargos de Enviada Especial das Nações Unidas para Assuntos Extrajudiciais e Arbitrários, bem como de Enviada Especial para a Liberdade de Religião ou Crença são bem reveladores do seu valor e da sua capacidade. No decurso da sua longa carreira, viu já reconhecida a sua ação por diversas vezes. (...)». O discurso na integra aqui.

Cerimónia no Parlamento
Imagem da cerimónia que  decorreu na Sala do Senado da Assembleia da República

 
E do que as premiadas disseram segundo o trabalho   Prémio Norte-Sul Asma Jahangir salienta "longo caminho" a percorrer nos Direitos Humanos:

«Em intervenções emotivas, a ativista paquistanesa Asma Jahangir e a médica italo-suíça Monika Hauser falaram sobre as suas experiências no terreno, com mulheres vítimas de violência e violações, relatando casos concretos.
Entre outros, Asma Jahangir falou da história de uma mulher paquistanesa com seis filhos que se quis divorciar e a quem questionou sobre a sua decisão.
"Disse-me que mulheres morriam por se divorciarem, mas também havia mulheres que morriam porque estavam casadas", contou Asma Jahangir, que logo no inicio do seu discurso falou do "longo caminho" que tem ainda de se percorrer no respeito pelos direitos humanos e pelos direitos das mulheres.
Recordando que na escola lhe ensinaram que as mulheres "boas" eram aquelas que eram agredidas mas que nada diziam, que ficavam em silêncio, a advogada do Supremo Tribunal do Paquistão frisou que essa é uma lógica que não está apenas presente no seu país.
Contudo, ressalvou, a par das mulheres que ficam em silêncio, existem as que têm coragem, as que "olham nos olhos".
"Têm uma força que inspira", salientou.
Numa intervenção igualmente ‘viva', a ginecologista e diretora da associação de apoio às mulheres "medica mondiale" Monika Hauser, falou das violações que continuam a ser uma realidade no século XXI, lembrando que na guerra da Bósnia entre 20 a 50 mil mulheres de todas as idades foram violadas e torturadas.
"As violações também aconteceram na guerra na Líbia e as mulheres estão neste preciso momento a ser violadas na Síria", acrescentou, sublinhando que a violação é também utilizada como uma estratégia para atingir fins políticos e militares específicos.
Contudo, continuou, este tipo de violência não acontece só em cenários de guerra e, por exemplo na Alemanha, num inquérito realizado em 2004, cerca de 40 por cento das mulheres admitiram que já tinham sido sujeitas a violência física ou sexual desde os 16 anos.
"Estou aqui a falar destes factos para garantir que ninguém tem a brilhante ideia de dizer que esta é um problema menor, marginal ou um assunto de mulheres", disse, notando que atrás de cada estatística estão "mulheres sobreviventes, que têm se carregar com as consequências destes atos para o resto das suas vidas"».

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