Desde que foi inaugurada, a 8 de Março, que a Mostra sobre Literatura de Cordel Brasileira na BNP está em destaque na coluna à direita. Vai até 22 de Junho. Mas justifica-se que lhe dediquemos mais atenção começando-se por remeter para o texto de Arnaldo Saraiva que pode ler aqui, e donde retirámos:
«(...)
Se muitos folhetos se inscrevem na tradição dos ciclos literários bíblico, romano, cristão, carolíngio, árabe, etc., e imitam espécies bem antigas (“romance”, ABC, testamento, “exemplum”, desafio…), outros pelo contrário incidem sobre temas e motivos do nosso tempo - viagens astronáuticas, guerras recentes, invenções, novos comportamentos, últimas modas, Bento XVI, Bin Laden, Obama, clonagem, aids (sida), internet… –, ou sobre temas e motivos bem brasileiros: figuras ou figurões da história e da lenda, como os vários presidentes da República, António Conselheiro, Padre Cícero, Pelé, Roberto Carlos, Ayrton Senna, sertanejos, valentões e cangaceiros como António Silvino, Lampião ou Corisco, e pícaros como Cancão de Fogo, Camões, Malazartes, João Grilo, seu Lunga. Mas não faltam folhetos para celebrar a própria literatura de cordel e para homenagear poetas de grande sucesso popular que as histórias da literatura brasileira ignoram. E há também folhetos de homenagem a homens de cultura e a escritores cultos, como Bandeira, Jorge Amado, Lins do Rego, Ariano Suassuna, que aliás de folhetos beneficiaram.Se até aos anos 80 só por excepção poetas cultos imitavam textos ou folhetos de cordel (Drummond, Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim, Ildásio Tavares...), nas últimas duas décadas, em que a literatura de cordel chegou a algumas escolas, até do Sul, e interessou como nunca muitas mulheres, começaram a circular folhetos compostos por universitários. Sinal de vitalidade, ou talvez de um fim próximo. (...)».
Mas se for à BNP tem mais exposições para apreciar, como pode conferir.
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