segunda-feira, 20 de julho de 2015

VIRGÍNIA DE MOURA | «Uma força da natureza» | RECORDOU-SE NA SESSÃO EVOCATIVA DO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO




Ontem, 19 de Julho, comemorou-se o centenário do nascimento de Virgínia de Moura. Do discurso  de Jerónimo de Sousa em sessão evocativa:
«(...)  Virgínia de Moura cursou Engenharia Civil. Foi a primeira mulher a frequentar este Curso na Universidade do Porto e quando se tornou militante comunista eram ainda raras as mulheres com intervenção cívica e pública. Foi uma pioneira da cidadania. Recorde-se que na I República, a par de alguns progressos, tinha-lhes sido negado o direito de voto. A luta pela emancipação social da mulher tornou-se parte integrante da luta pela democracia, pela sua presença e acção e de outros notáveis vultos, como Isabel Aboim Inglês ou Maria Lamas.
(...) Os condicionalismos impostos às mulheres que trabalhavam constituíam um poderoso estigma social. Como as restrições no direito ao matrimónio de enfermeiras ou telefonistas, e outras, da vida corrente, como o direito a terem passaporte sem autorização do marido ou o impedimento do acesso das mulheres à Magistratura ou à carreira diplomática, mas também as discriminações salariais, entre outras no mundo laboral que ainda hoje se mantêm.
Virgínia de Moura veio a sofrer restrições ao exercício da sua profissão, como engenheira civil, a seguir à sua formatura, mas por razões exclusivamente políticas.
Vigiada, perseguida, dezasseis vezes presa pela polícia fascista, nove vezes processada e três condenada nos Tribunais Plenários, Virgínia de Moura deu sempre provas de exemplar dignidade e firmeza perante o inimigo. E com o companheiro de toda a sua vida, Lobão Vital, Virgínia de Moura tornou-se na prática um “rosto legal” do PCP, muito respeitada pelos outros sectores democráticos a quem levava as posições e o profundo empenho do Partido na construção da unidade democrática e antifascista. (...). Como escreveu Ferreira de Castro numa mensagem de solidariedade, repetindo uma expressão usada por Teixeira de Pascoaes, Virgínia era bem uma «força da natureza». (...)».
Como se pode ler aqui:  na Biblioteca Municipal Raul Brandão, em Guimarães,  «está patente uma exposição evocativa do centenário do nascimento da vimaranense Virgínia de Moura que pode ser visitada até final do mês».


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