ALEX RADEMAKERS (Tirada daqui)
«(...)
Só que uma canção na voz de Sílvia Pérez Cruz rompe com qualquer (réstia de) normalidade. Não é apenas mais uma canção. É sempre a canção mais essencial ao mundo no momento em que dura na sua voz. E se essa canção se chama Gracias a la vida, como aconteceu no concerto Canções para Revoluções, com que Lisboa celebrou o último 25 de Abril, não ter sentido o corpo estremecer e ser invadido por aquele canto que transporta tanto do fogo do flamenco quanto da liberdade aérea do jazz seria motivo suficiente para procurar ajuda médica e esperar um diagnóstico pouco animador. Porque com Sílvia, à semelhança daquilo que ela diz acontecer-lhe com as suas heroínas — “mulheronas, almas potentes”, como lhes chama — Lola Flores, Amália Rodrigues, Edith Piaf ou Chavela Vargas, acredita-se nela com quantas forças temos quando se lança a uma canção. Como acontecia com qualquer uma destas “mulheronas”, há uma emoção suprema nas suas interpretações, como se cada palavra não pudesse senão conter a inteira verdade do mundo, como se sugasse toda a energia da terra e tudo murchasse à sua volta, como se todos os mistérios da vida coubessem na sua voz, como se o mais terreno e o mais transcendente se encontrassem, por momentos, num mesmo lugar. (...)». Leia na integra no Público.
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