segunda-feira, 29 de maio de 2017

JOANA GORJÃO HENRIQUES | «RACISMO EM PORTUGUÊS / O Lado Esquecido do Colonialismo»



e aquando da pré-publicação:
«PRÉ-PUBLICAÇÃO:Racismo em Português, o lado esquecido do colonialismo

Interessou ouvir o que os africanos sentem e como olham para a discriminação racial exercida pelos portugueses durante o colonialismo, que cicatrizes permanecem. Pré-publicação do livro que é editado numa parceria entre o PÚBLICO, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Tinta-da-China.

Quando me perguntam por que razão me interesso pelas questões raciais, costumo responder com uma frase: "Cresci com alguns colegas negros na primária, um ou dois no liceu, e nenhum na universidade."
Nessas carteiras de escola ouvi sempre a mesma versão da história do colonialismo, ensinada pelos portugueses. Mesmo quando havia crítica, apresentava-se Portugal como "bom colonizador": um colonizador que se misturou com as populações, que nunca exerceu sobre os povos colonizados a violência que outros colonizadores exerceram. Raramente visto como um sistema racista, o colonialismo português não era questionado como tal. Prova disso é que os portugueses continuam a falar de si próprios enquanto descobridores e enquanto povo integrador.
Portugal tem uma população significativa negra desde que se iniciou o horror que foi o comércio de escravos no século xv, e mais tarde recebeu uma vaga de imigração africana, primeiro nos anos 1960 e depois no pós-25 de Abril. O facto de, ainda hoje, não existir qualquer correspondência entre o número de negros que vemos na rua e o número de negros em lugares de liderança na sociedade é, no mínimo, surpreendente. A ausência de representatividade de uma fatia expressivada sociedade portuguesa – fatia essa usada como bandeira de cosmopolitismo da população por algumas entidades oficiais – espelha um sistema que discrimina pela cor da pele. Porém, em Portugal reflecte-se pouco sobre o papel dos portugueses enquanto colonizadores e, especificamente, sobre a sua responsabilidade no desequilíbrio das relações raciais entre brancos e negros, bem como sobre a sua responsabilidade na criação e na persistência do racismo. Continue a ler.
E a propósito do livro: 


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