e aquando da pré-publicação:
«PRÉ-PUBLICAÇÃORacismo em Português, o lado esquecido do colonialismo
Interessou ouvir o que os africanos sentem e como olham para a discriminação racial exercida pelos portugueses durante o colonialismo, que cicatrizes permanecem. Pré-publicação do livro que é editado numa parceria entre o PÚBLICO, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Tinta-da-China.
Quando me perguntam por que razão me interesso pelas questões
raciais, costumo responder com uma frase: "Cresci com alguns colegas
negros na primária, um ou dois no liceu, e nenhum na universidade."
Nessas carteiras de escola ouvi sempre a mesma versão da
história do colonialismo, ensinada pelos portugueses. Mesmo quando havia
crítica, apresentava-se Portugal como "bom colonizador": um
colonizador que se misturou com as populações, que nunca exerceu sobre os povos
colonizados a violência que outros colonizadores exerceram. Raramente visto
como um sistema racista, o colonialismo português não era questionado como tal.
Prova disso é que os portugueses continuam a falar de si próprios enquanto
descobridores e enquanto povo integrador.
Portugal tem uma população significativa negra desde que se
iniciou o horror que foi o comércio de escravos no século xv, e mais tarde
recebeu uma vaga de imigração africana, primeiro nos anos 1960 e depois no
pós-25 de Abril. O facto de, ainda hoje, não existir qualquer correspondência
entre o número de negros que vemos na rua e o número de negros em lugares de
liderança na sociedade é, no mínimo, surpreendente. A ausência de
representatividade de uma fatia expressivada sociedade portuguesa – fatia essa
usada como bandeira de cosmopolitismo da população por algumas entidades
oficiais – espelha um sistema que discrimina pela cor da pele. Porém, em
Portugal reflecte-se pouco sobre o papel dos portugueses enquanto colonizadores
e, especificamente, sobre a sua responsabilidade no desequilíbrio das relações
raciais entre brancos e negros, bem como sobre a sua responsabilidade na
criação e na persistência do racismo. Continue a ler.
E a propósito do livro:
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