«A vida imortal de Henrietta Lacks reconstitui a vida e a morte de uma das mais injustiçadas personagens da história da medicina. O livro demonstra como o progresso científico do século XX deveu-se em grande medida a uma mulher negra, pobre e quase sem instrução. Doadora involuntária da linhagem “imortal” de células HeLa, a mais pesquisada em todo o mundo, a protagonista do premiado livro de estreia de Rebecca Skloot recebe uma merecida e tardia homenagem.
Seu nome de batismo era Loretta Pleasant, e ninguém sabe como se tornou
Henrietta. Ela era descendente de escravos e nasceu em 1920, numa fazenda de
tabaco no interior da Virgínia. Aos 21 anos, emigrou com o marido, David, seu
primo em primeiro grau, para os subúrbios da região de Baltimore.
Aos trinta anos, mãe de cinco filhos, Henrietta descobriu que
tinha câncer. Em poucos meses, um pequeno tumor no colo do útero se espalhou
por seu corpo. Ela perdeu rapidamente o vigor, convertendo-se num “espécime
miserável”, nas palavras impiedosas do prontuário médico do Hospital Johns
Hopkins, onde se tratava e onde veio a falecer, em 1951.
No Johns Hopkins, uma amostra do colo do útero de Henrietta
havia sido extraída sem o seu conhecimento, e fornecida à equipe de George Gey,
chefe de pesquisa de cultura de tecidos naquela instituição. Gey demonstrou que
as células cancerígenas desse tecido possuíam uma característica até então
inédita: mesmo fora do corpo de Henrietta, multiplicavam-se num curto
intervalo, tornando-se virtualmente imortais num meio de cultura adequado. Por
causa disso, as células HeLa, batizadas com as iniciais da involuntária
doadora, logo começaram a ser utilizadas nas mais variadas pesquisas em
universidades e centros de tecnologia, nos Estados Unidos e no exterior.
O surgimento de uma bilionária indústria de medicamentos
sintéticos e as fabulosas cifras atualmente envolvidas em pesquisa genética
devem-se em grande medida à comercialização das células de Henrietta. A vacina
contra a poliomielite e contra o vírus HPV, vários medicamentos para o
tratamento de câncer, de aids e do mal de Parkinson, por exemplo, foram obtidos
com a linhagem HeLa. Apesar disso, os responsáveis jamais deram informações
adequadas à família da doadora e tampouco ofereceram qualquer compensação moral
ou financeira pela massiva utilização das células.
Rebecca Skloot tenta reverter esse quadro, compondo um
comovente relato da vida e da morte da mulher negra e humilde cujo trágico e
precoce desaparecimento mudou a história da medicina. Por meio do estreito
contato mantido com filhos, netos e o viúvo de Henrietta durante a pesquisa
para o livro, a autora discute com muita lucidez as delicadas e complexas
questões éticas e raciais envolvidas na história.
A autora criou uma fundação para onde parte dos proventos
deste livro está sendo encaminhada. Para mais informações e para fazer doações,
acesse». Leia mais.
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E agora temos o filme com Oprah Winfrey:
A propósito este trabalho no NYT:
Oprah Winfrey on ‘The Immortal Life of Henrietta Lacks’
«(...)
The movie adaptation, which debuts on HBO on April 22, takes a different storytelling approach, focusing on the lives of Lacks’s children, particularly her daughter Deborah, played by Oprah Winfrey. George C. Wolfe, the movie’s director and co-writer, said that he shifted the point of view away from Ms. Skloot (Rose Byrne) to Deborah because he found her to be “a ferociously smart and incredibly creative, brave and daring” woman whose loss put her on a “journey to know her mother in essence to know herself.” He continued, “That felt to me very profoundly intimate and the emotional propulsion necessary to drive a film and have strong enough muscle to hang everything else that developed.”
In a phone interview, Ms. Winfrey, 63, who was also an executive producer on the project, talked about the book’s resonance, her reluctant decision to star in the movie and why sharing the stories of women, particularly of African-American women, has become her life’s work. These are edited excerpts from the conversation. (...)». Leia na integra.
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