segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Georgette Ferreira





 «avessa a homenagens, porque a nossa
 contribuição na luta e na vida é uma coisa natural»






Georgette Ferreira morreu,  aos 91 anos de idade.
«(...) desde muito nova que se evidenciou enquanto militante, e posteriormente dirigente, do Partido Comunista Português, a que aderiu na década de 40, quando era operária têxtil, tendo o relacionamento com Alves Redol [29/12/1911-29/11/1969], Carlos Pato [21/12/1920-26/06/1950] e Soeiro Pereira Gomes [14/04/1909-05/12/1949], entre outros nomes locais, muito contribuído para a sua formação política. Interveio, em 1943, na luta pela criação de uma secção do Sindicato das Costureiras em Vila Franca. 
No ano seguinte, foi uma das organizadoras em Alhandra e Vila Franca de Xira das greves de 8 e 9 de maio de 1944 e da marcha do dia 8, que culminou com a prisão de várias mulheres nas Praças de Touros de Vila Franca de Xira e do Campo Pequeno, tendo algumas sido remetidas, a 11, para Caxias, onde permaneceram até Agosto. 
Em 1945, tal como as duas irmãs, passou à clandestinidade, vivendo como “companheira” de António Assunção Tavares, operário da Fábrica Cimentos Tejo e forçado a “mergulhar” na sequência do movimento grevista de 1944: apenas um irmão, o mais velho, não teve atividade política e, por isso, acabou por ser o único a dar apoio, com a mulher, aos pais já idosos, circulando as informações familiares com muita dificuldade e morosidade. 
Escapou, em 28 de agosto de 1945, de ser presa na casa da Lapa, onde vivia com o companheiro e, em 1946, participou com Cândida Ventura [n. 1918] no II Congresso Ilegal do PCP realizado na Lousã. 
Detida pela PIDE às três horas da madrugada de 17 de dezembro de 1949 com António Dias Lourenço [25/03/1915-07/08/2010], na casa de Monte de Moraventos, concelho de Palmela. Recolheu ao Forte de Caxias, onde conviveu na mesma cela, ainda que por poucos dias, com Cecília Areosa Feio [05/12/1921-08/02/1980], Maria Lamas [06/10/1893-06/12/1983] e Virgínia Moura [19/07/1915-19/04/1998]. 
Durante a reclusão, em resultado da alimentação a doença de estômago de que padecia agravou-se, conseguindo, devido à solidariedade dos outros presos, ser levada de urgência para o hospital; e recebeu correspondência de Álvaro Cunhal [1913-2005], preso na Penitenciária de Lisboa, da qual extratos de uma carta de 3 de setembro de 1950 foram publicados no boletim 3 Páginas. 
Evadiu-se, em 4 de Outubro de 1950, do Hospital de Santo António dos Capuchos, depois de a fuga ser devidamente planeada com o seu Partido, a família, o médico Arménio Ferreira [1920-2002] e o camarada que a esperava com um carro cá fora e a transportou para uma casa clandestina em Lisboa. Daqui passou para o Comité Local do Porto, posteriormente teve responsabilidades na organização de Lisboa e integrou o Comité Central entre 1952 e 1988.
Participou, em março de 1954, na V Reunião Ampliada do Comité Central do Partido Comunista e voltou a ser detida em dezembro desse ano, num encontro com Jaime Serra, quando ambos trabalhavam na organização da capital. 
Condenada, em 1957, a três anos e medidas de segurança, gerou enorme movimento de solidariedade para que as cumprisse em liberdade. 
Libertada somente em 1959, partiu clandestinamente para a Checoslováquia, saindo do país por Chaves, a convite da organização de mulheres do país e lá curou a sua doença pulmonar, percorrendo vários sanatórios até 1962. Aí conviveu com José Gregório [19/03/1908-10/05/1961], que também estava naquele país em tratamento, e a sua companheira Amélia Fonseca do Carmo. 
Representou Portugal, juntamente com Maria Lamas, no Congresso Mundial das Mulheres de 1963. 
Passou depois por Paris, onde viveu quase três anos, e regressou à luta clandestina em Portugal, encontrando-se na região de Setúbal aquando do 25 de Abril de 1974. 
Usou o pseudónimo “Paiva”. 
Após a revolução, foi uma das deputadas comunistas na Assembleia da República. (...)». Leia na integra no blogue Silêncios e Memórias.


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