Morreu Maria Eugénia Varela Gomes, a “mãe coragem” do antifascismo
Ativista durante o Estado Novo, desempenhou um papel social importante na ajuda aos mais carenciados e aos presos políticos. A ousadia valeu-lhe o epíteto de "mãe coragem". Morreu aos 90 anos. Daqui, no Observador
Do que escreveu Maria Manuela Cruzeiro sobre Maria Eugénia Varela Gomes:
«Filha de várias gerações de militares, quer por parte da mãe, quer por parte do pai, contrariando o horror à política, cultivado por tradição de família, descobriu por si própria a sua dimensão mais nobre: a preocupação com as pessoas, sobretudo as mais desfavorecidas. Por elas desceu ao inferno dos bairros mais miseráveis de Lisboa, onde os operários vendiam o próprio sangue para pagar a renda da barraca que lhes servia de casa, forçou burocracias, escancarou portas para acompanhar e apoiar doentes e famílias no hospital de Santa Maria, fez seu o quotidiano dos operários qualificados da BP em Cabo Ruivo.
Por onde passou procurou pessoas, vítimas de injustiças e flagelações iníquas, inscreveu o seu nome na PIDE, pela recusa activa e militante em ser o que a ditadura pedia a uma assistente social: «a gota de óleo na engrenagem», teceu uma rede apertada de causas e de afectos que sempre a acompanhou, mesmo quando outras vozes a chamavam para uma outra frente de combate, como aconteceu nas campanhas eleitorais de 1958, 62, 69 e 73. Contudo, nesta nova frente, mais visível e convidativa ao protagonismo pessoal, sempre deixou para outros (sempre muitos, sempre demais…) esse estatuto, porfiando no seu combate discreto mas eficaz». Continue a ler.
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