quinta-feira, 21 de março de 2013

MULHERES NA CULTURA - Fernanda Alves

Logo que soubemos que o Teatro da Rainha ia fazer um trabalho sobre Fernanda Alves  pensámos que era a ocasião ideal para a trazermos para o Em Cada Rosto Igualdade. Gostariamos de ter encontrado, facilmente, sitio na web para onde encaminhássemos para sabermos desta mulher na cultura. Lembrámo-nos da homenagem que lhe foi feita no Festival de Almada, em 1997, e que a haver registo seria um bom caminho. Mas não foi fácil. Do que achámos, o excerto da imagem, de José Peixoto, pareceu-nos retratar bem a actriz que tivemos o privilégio de ver em palco, e conhecer como mulher. Não podiamos deixar de lembrar aqui a maneira como Mário Barradas nos falava da Fernanda, e foi talvez a partir disso que  começámos a entender o que era uma grande Actriz. É claro que para muitos há um antes e um depois de se ter visto «A Grande Imprecação diante das Muralhas da Cidade».   «A Grande Imprecação diante das Muralhas da Cidade foi pela primeira vez apresentada em Portugal em 1974, pelo grupo teatral Os Bonecreiros, e com Fernanda Alves no principal papel (com o qual obteve o Prémio da Casa da Imprensa para a Melhor Interpretação Feminina)» - tirado daqui. E sobre este espectáculo, recorrendo uma vez mais ao Teatro dos Aloés.

Mas neste momento o que importa é chamar a atenção para o que vai ter lugar no Porto:

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A Fernanda foi casada com Ernesto Sampaio.
«Deixou-nos a poucas semanas da estreia das Barcas vicentinas que Giorgio Barberio Corsetti levantava no palco do TNSJ. Fernanda Alves (1930-2000) foi, é, uma referência única da inteligência do dizer que está no coração daquilo a que chamamos teatro. Se um corpo em representação é insubstituível, regressemos então à memória que dele temos para o reapresentar. Fernanda – Quem Falará de Nós, os Últimos? é uma convocação para a vida, não uma chamada para a morte. Uma vivificação cénica ativada pelas palavras que Ernesto Sampaio nos legou em Fernanda (2000), dolorosa viagem ao inferno em forma de livro, pois o inferno, escreveu o homem que morreu de amor, “é a ausência de quem amamos”. Convocação também por via das personagens que testemunhou, ela que foi, entre tantas outras, a Fan Chin-Ting de A Grande Imprecação Diante das Muralhas da Cidade de Tankred Dorst ou o profeta Isaías do Clamor de Luísa Costa Gomes. “Como pôr o amor em cena quando a palavra é lírica em absoluto?”, pergunta-se Fernando Mora Ramos, que divide o palco com Joana Carvalho. Estarão sozinhos em cena, como Fernanda e Ernesto: “Sós, ambos, na estrada, nos confins mais remotos, tu já dentro da noite e eu à beira dela”… +



Fernanda Alves
 
Estreia Absoluta
FERNANDA, QUEM FALARÁ DE NÓS , OS ÚLTIMOS?

Quantos erros, quanta melancolia, quanta vida desperdiçada, quanto amor vão ficar ali estendidos, indefesos, abandonados como crianças postas de castigo e que adormecem de dor, renunciando a tudo.
Quem saberá, depois de nós? Quem falará de nós? Os últimos, nós seremos os últimos estendidos de uma grande família ignorada que atravessou os séculos dos séculos em termiteiras a perder de vista destruídas e reconstruídas, abatidas quando faz mau tempo, ensolaradas, dissolvidas em chuva, pisadas pelas multidões, sacudidas por abalos, revoltas, incêndios, contágios, milagres obscuros, futilidades ruidosas, feridas de sangue e de água, tiros. Por cima disto nada, ninguém soube nada, ninguém saberá nada.
Ernesto Sampaio Fernanda. 2.ª ed. Lisboa: Fenda, 2005. p. 62.


MOSTEIRO SÃO BENTO DA VITÓRIA | PORTO
22 A 27 DE MARÇO
sexta a quarta | 21h30 (exceto 25 de março)
 
 
E, aqui, no Em Cada Rosto Igualdade, está também  na coluna à direita  nos Destaques - Teatro Nacional São João.


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