Entre 20-24 de novembro de 2017 decorreu a semana «Aprender ao Longo da Vida». Do que se passou o Jornal de Letras de 6 a 19 de dezembro publicou trabalho e de que se pode saber no site da Associação «O Direito de Aprender». Em particular: Literacia Digital e Emprego e Construindo a autonomia na idade adulta…
Deste último: «(...) Superando antinomias, a jornada de construção da autonomia, que torna viável a vida em comum, passa, antes, por ser tributária dos seguintes princípios: é um processo ontogenético que se estende por toda a vida; que se requer apoiado e refletido em permanência; que é multidimensional e multidirecional; que está inserido em diferentes contextos (biográfico, histórico, sociocultural, etário, de género, etc.); que requer uma abordagem interdisciplinar para uma compreensão adequada e uma ação valiosa.
O desenvolvimento da autonomia não chega nunca a ser terminado, dado implicar o desenvolvimento de capacidades, perspetivas e insights de complexidade, profundidade e consciência crescentes. Do ponto de vista neurobiológico, o lobo pré-frontal - estrutura cerebral responsável pelo controlo de numerosas funções, entre as quais o controlo executivo e a autorregulação da pessoa - é o de mais tardio desenvolvimento, maturando apenas entre os 25-30 anos. E as investigações mais recentes apontam no sentido de poder continuar a desenvolver-se ao longo de toda a adultez, sendo um dos ‘nichos’ cerebrais onde mais ocorrem os processos de sinaptogénese e neurogénese, particularmente com práticas meditativas e de mindfulness. Atendendo à dimensão cognitiva, é de sublinhar a trajetória que podemos percorrer, perante ambientes e oportunidades adequadas, e que implica uma reorganização qualitativa das estruturas de pensamento e de atribuição de significado: um movimento de etapas pré-reflexivas, típicas das idades mais precoces, que nos imergem no mundo das dualidades (e.g., certo ou errado, forte ou fraco), passando pelas estruturas quase-reflexivas (a descoberta da incerteza, da subjetividade, e a crença de que todas as opiniões são importantes), até às estruturas reflexivas (ligadas à emergência da reflexividade crítica), em que se toma consciência clara de que nem tudo é igualmente valioso, que é necessário um pensamento interssistémico, assim como aliar à razão o insight e o coração. A ação genuinamente proveniente destas últimas estruturas requer empatia, confiança, solidariedade, segurança, honestidade e integridade, remetendo para a importância da dimensão afetiva e relacional. (...)». Continue a ler.
E do primeiro. «(...)Em Portugal, em 2017, 52 % da população não tem as competências digitais básicas necessárias para aceder eficazmente à Internet, e 30 % não tem quaisquer competências digitais, isto em comparação com uma média da UE de 44 % e 19 %, respetivamente. Pior, 22 % dos adultos da mão de obra ativa não tem competências digitais, o dobro da média da EU.
Estes dados refletem-se no IDES, onde temos as áreas da conetividade, da integração das tecnologias digitais na sociedade e (sobretudo aqui) na componente dos serviços públicos digitais, uma posição do país superior à média europeia, estando, em alguns casos, como o dos serviços públicos digitais, no top europeu. Contudo, quando analisamos a utilização da internet, e, sobretudo, o capital humano, os indicadores descem substancialmente, colocando Portugal no final da tabela.
Em suma, temos uma administração pública digital muito desenvolvida, uma cobertura de rede quase total e uma integração do digital acentuada. Contudo, os nossos cidadãos têm um nível de literacia, digital incluída, muito abaixo do desejável, e em tudo desajustada ao necessário. Um desacerto, portanto.
Recorda-se a origem do problema: as baixas qualificações da população portuguesa. Das cerca de 400.000 pessoas em situação de desemprego, inscritas nos serviços públicos de emprego em final de setembro, cerca de 291.000 têm habilitação escolar até ao 9º ano de escolaridade e baixíssimas qualificações profissionais. (...)». Leia na integra.
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