«Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente
torturados e mortos no hospício de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A
maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas
que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos,mulheres que os maridos
não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em
profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino,tornaram-se filhos de
ninguém.
Em
Holocausto
Brasileiro,
a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta
chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas
mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que
roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas.
Bebiam
água do esgoto. Comiam ratos. Morriam ao frio e à fome. Eram exterminados com
electrochoques tão fortes, que toda a cidade ficava sem luz, por sobrecarga da
rede. Os bebés eram roubados às mães logo à nascença. Nos períodos de maior
lotação, morriam 16 pessoas por dia dentro dos muros do Colônia. Ao
morrer,davam lucro. Os cadáveres eram vendidos às faculdades de medicina.
Quando o número de corpos excedia a procura, eram decompostos em ácido, no
pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram comercializados. Nada ali se perdia.
Excepto a vida.
É
a essas 60.000 pessoas que Daniela Arbex devolve agora o rosto e a identidade,
num relato que recupera o testemunho dos poucos sobreviventes e dá voz aos
milhares que já não podem contar a sua própria história. O hospício de Colônia
só foi transformado em verdadeiro Centro Hospitalar Psiquiátrico em
1980». + E também sobre este horror:
E saibamos sobre Daniela Arbex: «Repórter do jornal Tribuna de Minas (MG), venceu o Prêmio Esso de
Jornalismo em 2000, 2002 e 2012, o prêmio Eloísio Furtado por cinco vezes, além
de menções honrosas no Vladimir Herzog e no Lorenzo Natali». Continue a ler.
Daniela Arbex
E as palavras da autora quando esteve em Portugal, por exemplo, aqui.
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