quarta-feira, 12 de setembro de 2012

«WOMEN ARE HEROES»



A colega Costanza Ronchetti, como se pode ver nos comentários no post anterior, chamou  a nossa atenção para o filme Women Are Heroes, e acelerou este post, e ainda bem. Já tinhamos dado por ele, pelo filme,  em exibição no espaço NIMAS em Lisboa .
A sinopse: "Women are Heroes" transporta-nos até África, Ásia e América do Sul. O artista francês JR leva-nos a locais dos quais já ouvimos falar na televisão quando alguma tragédia se abate sobre eles, mas que se encontram afastados dos habituais destinos turísticos. Trabalhando disfarçado, ele transforma as ruas, os edifícios, as favelas em verdadeiras galerias de arte, obrigando os transeuntes a ver Arte que, de outro modo, não encontrariam. A sua motivação é trazer à superfície questões fundamentais. Ele apresenta mulheres generosas que nada têm mas que estão disponíveis para partilhar, mulheres com passados dolorosos e que querem construir um futuro radioso. Ao procurar aquilo que é comum aos seus olhares, aproximamo-nos daquilo que é universal: o factor humano. Como artista contemporâneo que cresceu com a Internet e com as imagens digitais, JR experimenta diferentes técnicas cinematográficas e cria a sua própria forma de contar histórias.



E temos também uma apresentação   VIMEO  do trailer  como indicou a Costanza. E com facilidade na web se encontra mais informação sobre este projeto. Por exemplo aqui: Inspirado por mulheres fortes e com história de vidas marcadas pelo sofrimento o fotográfo francês JR decidiu viajar pelas áreas mais pobres e violentas do mundo para conhecer e expor a alegria e a esperança que ainda cultivam em meio a tantas dificuldades. O projeto fotográfico virou um documentário intitulado de “Women are Heroes” onde JR que passou por favelas do Rio de Janeiro e do Quênia e pelas ruas da Índia e Camboja deu voz  á mulheres que são descriminadas em tempos de paz e alvos em tempos de guerra, em seguida usou a paisagem urbana como matéria-prima para expor as fotografias nos bairros e vilas onde elas moram presenteando os vizinhos que compartilham das mesmas dificuldades com uma energia positiva e contagiante. E sobre o filme depois de se ter lido o que o crítico João Lopes escreveu faz todo sentido trazer também  esse texto para o Cada Rosto Igualdade: Provavelmente, o artista que assina JR não quis fazer um documentário sobre as "mulheres" que classifica pelo seu "heroísmo"... E, no entanto, é difícil não considerar que o seu filme Women Are Heroes envolve uma importante dimensão documental. Resta saber o que está ele a documentar. Pois bem, o seu próprio trabalho de artista plástico, fotógrafo e performer. Dito de outro modo: as mulheres fotografadas por JR valem tanto quanto podem valer as suas imagens. Banal mercantilização? Não sejamos moralistas. Digamos que se trata antes de glosar o efeito de abstração que o mercado pode gerar. Assim, em vez de registar imagens para, depois, as ampliar noutro lugar, JR expõe as suas fotografias nos próprios espaços (casas, comboios, favelas) em que se movem as suas protagonistas. E tudo pode ser superfície de exposição: o museu deixa de ser um espaço "alternativo", sobreponde-se agora, literal e metaforicamente, ao mapa urbano. Há uma assumida dimensão "frustrante" em tudo isto. Perto do final, essa sensação é mesmo explicitada com desarmante sinceridade: o mais certo é que as fotografias, e a intervenção artística que materializam, desapareçam sem deixar rastro... No limite, podemos ler em tal reconhecimento o cansaço de uma postura "pós-pós-moderna" que vive num jogo de espelhos com as linguagens, contemplando o esvaziamento simbólico de cada uma dessas linguagens. Daí a contradição insolúvel de Women Are Heroes: é um filme que nos contagia pelo exuberante artifício da sua escrita visual, mas que, feitas as contas, já não tem qualquer relação próxima com as matérias que integra. Se quisermos evocar a lição de Roland Barthes, talvez possamos dizer que lhe falta não o labor das formas, mas esse tremor da linguagem a que podemos dar o nome de sensualidade.
Tudo lido, esperamos que a curiosidade sobre o  trabalho, para quem ainda não o viu, seja maior. Independentemente do conceito estético, a que se pode aderir ou não, pensamos ser importante conhecer aquelas mulheres. E será certamente um contributo para pensarmos o papel da arte na(s) igualdade(s). O site oficial.

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