sexta-feira, 14 de setembro de 2012

«MEMÓRIAS DE UMA MULHER FATAL»


Memórias de uma Mulher Fatal
de Augusto Sobral
 Teatro Nacional D. Maria II, de 13 a 23

 
Comecemos recorrendo ao que  João Carneiro escreveu  no Jornal Expresso desta semana, revista ATUAL, para darmos aqui espaço à peça Memórias de uma Mulher Fatal (imagem ao lado) de onde se tirou esta passagem: «(...) São ainda as memórias de uma mulher que, como escreve o ator, está "mais velha, mais gorda, mais perigosa". Ele saberá, uma vez que foi ele quem já lhe deu corpo voz e espirito, quando ainda integrava o Teatro da Cornucópia. E, trinta anos depois, toda a gente está mais velha, mesmo que queira parecer que não, mesmo que possua uma cadeia de spas e mesmo que queira convencer o mundo que descobriu a formula da eterna juventude (e que a vende bem caro). As memórias desta mulher fatal  são uma peça sobre o tempo, sobre a identidade e sobre aquilo que acontece quase sempre a certa altura (...). E este post acaba por ser um prolongamento de um outro anterior recente, também ele sobre o envelhecimento e sobre memórias. E que bom chegarmos a idades avançadas ... Ou não será? E para qualquer idade o texto de Augusto Sobral  e o espectáculo de Rogério Vieira  parecem ter tudo para dar «razão a quem teima em pensar que uma das coisas boas da vida é mesmo ir ao teatro", como pensava Vítor Pavão dos Santos. A memória  que eu tenho do trabalho de há trinta anos vai nessa linha, lembro-me bem,  gostei muito. Em algum momento, perturbador! E outro olhar sobre o espectáculo de agora  no Público online: «Passados 30 anos, Rogério Vieira revisita o texto de Augusto Sobral que lhe valeu o Prémio Revelação da Casa da Imprensa, em 1981.
“Memórias de Uma Mulher Fatal” é também um exercício teatral que, com humor, coloca em confronto as possíveis facetas do “eu”. Para o actor “é também uma possibilidade de o espectador reencontrar os sinais, as parecenças com o comportamento do mundo que nos rodeia ou mesmo connosco próprios".
 A história é a de Olinda, que decide escrever as suas memórias para celebrar o triunfo de uma vida como “mulher fatal”. Já profundamente imersa nas recordações, é interrompida por um telefonema. Após este, regressa ao caminho do passado com a ajuda do seu computador “Gestalt”. E é aí que surgem as contradições e se revela o dúbio valor das memórias, com a máquina a ousar corrigir Olinda».
E do que escreveu Miguel Branco no jornal i: «Não se ache, contudo, que esta obra é um monólogo excessivamente dramático. Não vai chorar na plateia, bem pelo contrário, é possível que dê gargalhadas a peça inteira, por entre frases modificadas de autores intemporais da literatura e uma ou outra dança/pose da personagem, que pelo seu cabelo e vestuário apresenta semelhanças com Margaret Thatcher, como confirma Rogério: “Em 1981, quando a fiz, foi a pensar na Thatcher, era muito mais glamorosa, fazia malabarismos em cena, era uma coisa mais sedutora. Mesmo o próprio cenário expõe-me mais, mas isso foi propositado, queria que se notasse que isto já foi feito”, confessa».
E uma vez mais  contou-se com a colaboração da Susana Neves.

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