sexta-feira, 27 de maio de 2016

FILME | «Cinzento e Negro»

Saiba mais.

Duma entrevista ao realizador, Luís Filipe Rocha, que pode ler aqui:
«(...)
Como surgiu a ideia para o argumento: é baseado nalgum caso real, inspirado, ou mera ficção? E o processo de escrita, foi complexo?
Retiro directamente da minha Declaração de Intenções a aparição desta história:

“Em Setembro de 2003 entrei numa modesta agência funerária de Algés para encomendar o enterro de um familiar. A mulher que me atendeu, única funcionária visível, era coxa e usava uma bota ortopédica. Talvez por estar especialmente sensível, fixei-a. Um mês depois, fui a Almada ver uma peça de teatro. Cheguei antes da hora e sentei-me numa pequena esplanada de uma modesta taberna, no passeio. Minutos depois, a coxear, a mulher da agência funerária passou no passeio do outro lado da rua, carregando dois ou três sacos de plástico com compras, enquanto a seu lado, de mãos nos bolsos, caminhava um homem que, pelo silêncio e pela displicência, só podia ser o seu companheiro. Essas duas imagens, para mim de uma desolação, uma injustiça e uma tristeza que clamam raivosamente por vingança, perseguiram-me até 2008, data em que a sua energia e a sua persistência me levaram a escrever esta história.”

Quanto ao processo de escrita: experimentei, pela primeira vez, construir um filme a partir das Personagens e não do Fio Narrativo ou do Tema. Tentei descobri-las em vez de inventá-las, segui-las e espreitá-las em vez de dirigi-las, progressivamente atraído e fascinado pela vida e pela aventura desses Seres Imaginários, que nascem, vivem e morrem confinados ao mundo de cada história. Foi um processo delicado e muito paciente, empolgante, um pouco obscuro, mas tão diferente do que até agora tinha feito que me deu um enorme prazer criativo. (...)».




Já vimos o filme e, se nos é permitido, recomendamos.

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