O trabalho da imagem, do DN de 16 de Agosto de 2014, começa assim:
«ESCREVERAM BIOGRAFIAS - e autobiografias a instância dos próprios confessores — descreveram visões místicas e outras talvez não tão místicas, envolveram-se em querelas “de cordel”, a que hoje chamariamos guerra de sexos, trocaram cartas que eram recados politicos e que acabaram a circular, em cópias manuscritas, na corte e entre a nobreza e, claro, fizeram poesia. Textos épicos ou elegíacos, redondilhas, endechas e outros de recorte clássico rigoroso, em latim, em português ou em castelhano, porque elas não eram apenas instruídas - o que já seria raro. Eram cultas e eruditas.
Sim, eram mulheres e durante quatro séculos, entre 1500 e 1900, escreveram — e leram, incluindo as obras publicadas no seu tempo no resto da Europa, mesmo algumas censuradas, como aconteceu durante a Inquisição e na época do Marquês de Pombal. E não foram as 20 e poucas que até agora se conheciam. Por improvável que nos pareça, uma busca meticulosapelos arquivos nacionais, que incluiu entre outros a Biblioteca Nacional e a Torre do Tombo, revelou que houve pelo menos um milhar de por- tuguesas escritoras ao longo daqueles quatro séculos, cuja existência era até há pouco quase completamente desconhecida. É certo que os manuais e histórias da literatura portuguesa não trazem os seus nomes nem referência ou trechos das suas obras. Mas, à luz deste novo conhecimento, fica claro que as escritoras anteriores ao século XX tradicionalmente mencionadas nos compêndios representam apenas três a cinco por cento do seunúmero reaL “Por isso, um dos nossos objetivos é que a médio prazo esta informação venha ser integrada nos manuais de história da literatura”, explica ao Q Vanda Anastácio, professora de Literatura e Cultura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), iavestigadora do Centro de Estudos Clássicos da mesma universidade e membro da equipa que fez o levantamento, o estudo das obras e das autoras inventariadas, e o respetivo catálogo. Este iEiltimo já poderia, alias, ter sido transformado numa base de dados de livre acesso na intemet, mas a falta de verba - um projeto submetido à FCr com esse intuito não foi aprova-
do - inviabilizou a sua concretização. Em alternativa, e com uma verba da Fundação Gulbenkian, os investigadores estão neste momento a trabalhar para pôr toda a informação anime, num site onde estarão referenciadas as 1010 escritoras inventanadas, comas respetivas biografias, descrição das obras e identificação dos arquivos onde elas se encontram. “Não é propriamente uma base de dados, porque não é possível fazer pesquisa interativa, masa informação vai estar ali toda reunida e ficará acessívela partir da Páscoa de 2015», adianta Vanda Anastácio.
Até lá, estudiosos, interessados e outros ciiriosos podem encontrar uma valiosa amostra deste universo literário feminino numa cuidadosa seleção desses milhares de textos, que englobo os vários géneros, as diferentes épocas e uma diversidade grande de autoras e de textos, que foi organizada por VandaAnastáciosobo titulo Uma Antologia Improvável, (...)». Um bom pretexo para lembrarmos o livro sobre o qual já fizemos post em 2013 - UMA ANTOLOGIA IMPROVÁVEL | A ESCRITA DAS MULHERES (Séculos XVI a XVIII) | Apresentação dia 25 julho.
Sim, eram mulheres e durante quatro séculos, entre 1500 e 1900, escreveram — e leram, incluindo as obras publicadas no seu tempo no resto da Europa, mesmo algumas censuradas, como aconteceu durante a Inquisição e na época do Marquês de Pombal. E não foram as 20 e poucas que até agora se conheciam. Por improvável que nos pareça, uma busca meticulosapelos arquivos nacionais, que incluiu entre outros a Biblioteca Nacional e a Torre do Tombo, revelou que houve pelo menos um milhar de por- tuguesas escritoras ao longo daqueles quatro séculos, cuja existência era até há pouco quase completamente desconhecida. É certo que os manuais e histórias da literatura portuguesa não trazem os seus nomes nem referência ou trechos das suas obras. Mas, à luz deste novo conhecimento, fica claro que as escritoras anteriores ao século XX tradicionalmente mencionadas nos compêndios representam apenas três a cinco por cento do seunúmero reaL “Por isso, um dos nossos objetivos é que a médio prazo esta informação venha ser integrada nos manuais de história da literatura”, explica ao Q Vanda Anastácio, professora de Literatura e Cultura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), iavestigadora do Centro de Estudos Clássicos da mesma universidade e membro da equipa que fez o levantamento, o estudo das obras e das autoras inventariadas, e o respetivo catálogo. Este iEiltimo já poderia, alias, ter sido transformado numa base de dados de livre acesso na intemet, mas a falta de verba - um projeto submetido à FCr com esse intuito não foi aprova-
do - inviabilizou a sua concretização. Em alternativa, e com uma verba da Fundação Gulbenkian, os investigadores estão neste momento a trabalhar para pôr toda a informação anime, num site onde estarão referenciadas as 1010 escritoras inventanadas, comas respetivas biografias, descrição das obras e identificação dos arquivos onde elas se encontram. “Não é propriamente uma base de dados, porque não é possível fazer pesquisa interativa, masa informação vai estar ali toda reunida e ficará acessívela partir da Páscoa de 2015», adianta Vanda Anastácio.
Até lá, estudiosos, interessados e outros ciiriosos podem encontrar uma valiosa amostra deste universo literário feminino numa cuidadosa seleção desses milhares de textos, que englobo os vários géneros, as diferentes épocas e uma diversidade grande de autoras e de textos, que foi organizada por VandaAnastáciosobo titulo Uma Antologia Improvável, (...)». Um bom pretexo para lembrarmos o livro sobre o qual já fizemos post em 2013 - UMA ANTOLOGIA IMPROVÁVEL | A ESCRITA DAS MULHERES (Séculos XVI a XVIII) | Apresentação dia 25 julho.
E direcionarmos para o Projeto Escritoras Portuguesas e Escrita Feminina em Portugal antes de 1900: aqui.
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