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Excerto:
«(...) Oskar
Schlemmer (1888-1943), pintor, escultor, coreógrafo e um dos mestres da
Bauhaus, dizia que “onde quer que haja lã, haverá uma mulher a tecê-la”. A
frase nada tem de inócuo, até pela mundividência revelada. Entronca, de facto,
na ideologia dominante nos primeiros anos da escola, apesar das declarações de
princípio efetuadas pelos seus responsáveis. Em abril de 1919, o primeiro
programa da Staatliches Bauhaus Weimar, escrito por Walter Gropius, proclamava
a aceitação de todas as pessoas de “boa reputação, independentemente da idade e
do sexo”.
Não deixava
de ser uma declaração arrojada para a época. As mulheres tinham acabado de
adquirir o direito de voto com a nova constituição de Weimar, e vivia-se um
tempo de mudança. O uso de calças e cabelo curto, a frequência dos cabarets,
eram apenas alguns sinais de mulheres a quererem assumir a sua própria
sexualidade e o acesso a novas profissões, como médicas ou juristas. No
contexto de uma escola que se pretendia inovadora, não seria acertada a
tentativa de imposição de uma qualquer política de sexos.
A prática
revelou-se bem diferente. Apesar de não ser aquela a primeira escola mista da
Alemanha, logo no primeiro curso, inscreveram-se quase tantas mulheres (51)
como homens (61). Logo aí terão começado os problemas, com as mulheres a serem
desviadas para cursos tidos como mais adequados à sua feminilidade. Numa carta
dirigida a Annie Weil em fevereiro de 1921, Walter Gropius não podia ser mais
claro: “Diz a nossa experiência não ser aconselhável às mulheres trabalharem
nos ateliês mais duros, como de carpintaria. (...). Pronunciamo-nos basicamente
contra a sua formação em arquitetas.” Gropius escudava-se em supostas questões
genéticas para sustentar que as mulheres só conseguiriam pensar em duas
dimensões, ao contrários dos homens, que pensam em três dimensões. (…)». Leia na integra.
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A propósito das Mulheres e Bauhaus:
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