quarta-feira, 23 de maio de 2018

ANTÓNIO SANTOS | «Libertação LGBT na Revolução de Outubro»


Veja aqui

Sinopse
«The first full-length study of same-sex love in any period of Russian or Soviet history, Homosexual Desire in Revolutionary Russia investigates the private worlds of sexual dissidents during the pivotal decades before and after the 1917 Bolshevik Revolution. Using records and archives available to researchers only since the fall of Communism, Dan Healey revisits the rich homosexual subcultures of St. Petersburg and Moscow, illustrating the ambiguous attitude of the late Tsarist regime and revolutionary rulers toward gay men and lesbians. Homosexual Desire in Revolutionary Russia reveals a world of ordinary Russians who lived extraordinary lives and records the voices of a long-silenced minority».

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Desde logo, chegámos ao livro da imagem, através do artigo «Libertação LGB na Revolução de Outubro» , no «Abril, Abril», que tem a seguinte entrada: «A maioria dos historiadores atribui a libertação LGBT ocorrida na Rússia e na Ucrânia, durante a década de 20, ao colapso do edifício judicial do czarismo, à desordem da guerra civil, à circunstância embrionária das primeiras leis soviéticas ou, mais frequentemente, a um acaso fortuito da História. Nada mais equivocado». E começa assim: «Até 1992 a Organização Mundial de Saúde considerava a homossexualidade uma doença. Até 1982, em Portugal, ser gay era crime e só em 2010 pessoas do mesmo sexo conquistaram o direito de se casarem no nosso país.
Mesmo na cosmopolita Inglaterra, em plena década de 60, as pessoas LGBT eram punidas com duras penas de prisão. E, há cem anos, a Rússia de Lénine era o primeiro país a, no século XX, abolir todas as leis contra a homossexualidade: a revolução bolchevique legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, reconhece às pessoas LGBT liberdade e direitos políticos, autoriza a mudança de sexo nos passaportes e documentos de identificação e financia estudos científicos, pioneiros e descomplexados, sobre a homossexualidade». E termina deste modo: «Com efeito, a parca literatura sobre o assunto manifesta a existência de fenómenos inconcebíveis à época em qualquer outro país do mundo: milhares de homossexuais e transexuais casam-se, criam arte livremente, assumem-se. Georgi Chicherin, dirigente bolchevique muito estimado por Lénine e o primeiro comissário do povo para os Negócios Estrangeiros da URSS, é um homossexual assumido. 
Não se pense, porém, que a revolução apagou séculos de preconceito num toque de mágica. Desde a primeira hora que os incríveis avanços concorrem permanentemente com as contradições expectáveis do país mais atrasado da Europa, com um tempo em que as nações mais avançadas consideravam a homossexualidade um crime e com uma espúria mas emergente associação entre fascismo e homossexualidade (recorde-se que é também nos anos 20 que, na Alemanha, o nazi Ernst Röhm ensaia e procura, pública e politicamente, essa associação).
A História, dolorosamente, como é seu apanágio, encarregou-se de demonstrar quantas décadas e quantas lutas faltavam ainda para serem dados passos firmes em direcção ao fim do preconceito e da discriminação. Apesar dos avanços revolucionários, em 1917 a Rússia não daria ainda esses passos firmes. Então, deu um salto». Leia na integra.



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