segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

AINDA «OS SILÊNCIOS DA GUERRA COLONIAL»



«(...)Sara Primo confessou que o tema da guerra colonial surgiu na sua vida “desde que me conheço. Eu sou filha de um ex-combatente que foi ferido em Moçambique, numa mina antipessoal, por isso eu cresci a ouvi falar sobre a guerra colonial. Não pela voz do meu pai, porque os ex-combatentes não falam destas coisas com a família, mas através da minha mãe que me foi relatando os embarques, as despedidas, os aerogramas, que tive a oportunidade de ler, as visitas aos hospitais militares, e também me foi relatando as idas à Associação dos Deficientes das Forças Armadas e o stress da guerra que felizmente, e repito felizmente, não atingiu a minha família, mas atingiu muitas famílias de ex-combatentes. Por isso, por constantemente ouvir falar sobre o tema da guerra colonial, nasceu em mim uma vontade imensa de falar sobre ele, até para sossegar algumas das minhas curiosidades sobre o tema e de escrever sobre ele.” 
O papel das mulheres - antes, durante e depois da guerra - é retratado ao longo de toda a obra e a autora confessou que “as memórias da guerra colonial estavam muito reservadas às salas de psiquiatria, ou seja, ao ex-combatente e à mulher do ex-combatente e aos filhos de ex-combatente, apenas lhes estava reservado um lugar, a sala de psiquiatria. E era impossível, o nosso país, reconstruir a sua memória, se continuássemos a falar de guerra colonial dentro das salas de psiquiatria. Então descobri que era exatamente isso que eu queria falar, eu queria trazer para o espaço público as memórias que estavam guardadas nas salas de psiquiatria”. (...)» Leia mais.


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